Tesis
Escritas do suporte
Support writings
Registro en:
Autor
Winter, Ligia Maria, 1981-
Institución
Resumen
Orientador: Fabio Akcelrud Durão Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: A proposta deste trabalho é pensar o estatuto literário e político de uma escrita, que nomeio Escrita do Suporte, partindo da imagem habitual de um suporte lido como sustentáculo ou mediador neutro, terreno sobre o qual edificar instituições, a que nomear "pátria" ou em que fundar um Estado. Esse terreno neutralizado funciona como lugar de arquivamento e violência, que representa, para as Escritas do Suporte, uma impostura que se deve expor, publicar em seu centro regulador, para que se possa repensar a História. Essa impostura do suporte neutro, que se pretende exposta pelas Escritas do Suporte, mobiliza questões políticas e jurídicas, filosóficas, psicanalíticas e autobiográficas. O trabalho parte de textos de Jacques Derrida e Antonin Artaud, em especial compreendendo a Escrita do Suporte compartilhada entre uma carta de Artaud a André Rolland de Rénéville, escrita em 1932, o ensaio Enlouquecer o subjétil (1998b), no original Forcener le subjectile (1986a), em que Derrida retoma essa carta de Artaud, e a pictografia de Lena Bergstein, no ensaio em português, que se inscreve no lugar da ausência dos desenhos de Artaud, retirados pela artista brasileira do ensaio original, que fazia parte do livro Antonin Artaud: dessins et portraits, de Derrida e Paule Thévenin (1986a). Pela leitura desses textos, trazemos ao questionamento khôra, que Derrida faz intercambiar com o subjétil. Khôra é o suporte metafísico de Platão que excede a dialética. Na leitura do Timeu, de Platão (2011), pensamos tanto esse excesso, como o problema do estrangeiro e da política externa de guerras para a validação da técnica interna grega, a partir de um elemento aparentemente acessório e "pouco sério", a introdução de Sócrates. O problema dessa relação com o estrangeiro, todavia, é destinado ao rodapé por Derrida em Khôra, livro escrito sete anos após o ensaio sobre Artaud (1995b), bem como por Rousseau, como retoma Derrida em nota. Para nossa Escrita do Suporte, trazemos ao centro essa questão, da mesma maneira como a Escrita do Suporte traz ao centro da cena os elementos que nela pareciam acessórios, reservados à margem. Nesse deslocamento, pensamos o problema da língua e da pátria, que Derrida traz a Enlouquecer o subjétil, e, em especial, a questão de um "habitar a casa na apatridade", que lemos com Vilém Flusser (2007). Juntamente com khôra, pensamos outro excesso que Derrida faz intercambiar com o subjétil: cruauté, e com ela relemos os textos de Antonin Artaud. Por fim, compreendemos as estratégias de antecipação, justaposição/sobreposição (l'air surajoutée) e encenação de um arrancamento de cena como técnicas compartilhadas por Artaud, Derrida e Bergstein nessa Escrita do Suporte, em seus quatro movimentos: uma primeira neutralização do suporte, seguida pelo desarquivamento de suas variantes, passando para uma denúncia ou publicação da violência dessa neutralidade e, por fim, pela antecipação epistolar do teatro, que compreenderemos como uma dimensão "missiva", referente às cartas que pedem o compartilhamento entre desencontros, recuando as remissões. Esses quatro movimentos são também lidos por um questionamento das políticas do presente, pois é justamente essa a necessidade que se impõe para tais escritas Abstract: This paper presents the political and literary status of a different kind of writing, called here as Support Writings. This concept comes from the habitual image of a support read as the basis or mediator for institutions to be built upon, as somewhere to be called homeland or as somewhere to found a State. This neutral foundation site works as a place of an "archive of violence", that represents, for the Support Writings, an imposture that needs to be exposed, published, in order for History to be thought differently. The neutral foundation imposture involves political, juridical, philosophical, psychoanalytical and autobiographical issues. The paper starts by reading Jacques Derrida and Antonin Artaud, specially understanding the Support Writings shared by a letter from Artaud to André Rolland de Rénéville, written in 1932, and an essay by Jacques Derrida, Maddening the subjectile, in Portuguese Enlouquecer o subjétil (1998b), from the original Forcener le subjectile (1986a), in which Derrida brings this letter by Artaud. The Support Writings is also shared by the graphic work of a Brazilian artist, Lena Bergstein, who removes the drawings by Artaud, included as part of the book Antonin Artaud: dessins et portraits, by Derrida and Paule Thévenin (1986a), and inserts her own, in the Portuguese version. From these texts, we bring the image of khôra, which Derrida thinks as part of the image of his subjectile. In Plato's text Timeu (2011), khôra is the metaphysical support that exceeds dialectics. Reading Timeu, we considered this excess also in relation to the question of the "foreigner" and the external politics of war as a validation of the internal Greek technique, by reading the apparently "accessory" and "less serious" introduction by Socrates. These questions are destined to footnotes by Derrida in Khôra, written seven years after the essay about Artaud (1995b), as well as by Rousseau, who Derrida talks about in the footnote. To our Support Writings, we bring this problem back to the center or the argument, the same way as the Support Writings bring back to the center its elements destined to the margins, considered accessories. With this displacement, we think about language and homeland, together with Derrida in Maddening the subjectile, specially through the topic of an "habitar a casa na apatridade", read with the Czech- Brazilian critic Vilém Flusser (2007). Together with khôra, we consider another "excess" that Derrida thinks as the subjectile: cruauté, and with it we read Antonin Artaud's texts. At last, we present the strategies of anticipation, juxtaposition (l'air surajoutée) and the scene of a scene displacement as shared techniques by Artaud, Derrida and Bergstein in these Support Writings, with its four movements: a first support neutralization, followed by a disorganization of the archive and its variants, then an exposure or publication of its "neutral violence", and, at last, an epistolary anticipation of the Theater, which we understand as a "missive" dimension, referring to the letters, asking for the displacement to be shared, retreating language's remissions. These four movements are also read by a questioning of the politics of the present, because that is the first necessity imposed by these writings Doutorado Teoria e Critica Literaria Doutor em Teoria e História Literária