Tesis
Migmatitos e retroeclogitos do bloco arqueano Campo Grande, província Borborema, NE do Brasil
Registro en:
FERREIRA, Alanielson da Câmara Dantas. migmatitos e retroeclogitos do bloco arqueano Campo Grande, província Borborema, NE do Brasil. Brasília. xii, 313 f., il. 2019. Tese (Doutorado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Ferreira, Alanielson da Câmara Dantas
Institución
Resumen
O Bloco Campo Grande (BCG) é constituído por rochas arqueanas de 2,9 Ga e 2,65 Ga retrabalhadas durante eventos orogênicos riacianos (2,2 – 1,95 Ga) e neoproterozoicos (630 – 560 Ma). O bloco compreende uma área de cerca de 1500 km2, com geometria elipsoidal, eixo SSW-NNE, na porção central do embasamento do Domínio Rio Grande do Norte, Província Borborema. O BCG é constituído por: 1. Complexo gnáissico-migmatito representado por biotita gnaisse bandado, granada-biotita gnaisse lepidogranoblástico e K-feldspato alcali gnaisse porfiroblástico. Os migmatitos são separados em paleossomas tonalíticos de 2,9 Ga, leucossomas in source ou in situ de composição granítica de 1,95 Ga e leucossomas injetados (veios pegmatíticos) de 580 – 560 Ma, com composição alcalina. 2. Rochas toleíticas ultramáficas de 2.69 – 2.52 Ga, formadas por cumulatos de ortopiroxênio (En 74,9 - 80,9% e 10,7 - 14,1% wt. de FeO) e clinopiroxênio (diopsídio e augita, En 31 - 42% e 9,9 - 16,1% wt. de MgO), parcialmente retrogradados para anfibólios da série cummingtonita (Mg) - grunerita (Fe). 3. Rochas metamáficas, com assembleia mineral formada por Mg-hornblenda, Fe-hornblenda, pargasita, granada, plagioclásio e clinopiroxênio. Neste grupo, enquadra-se sequência de corpos desmembrados (boudinados) constituídos por rutilo-clinopiroxênio-granada anfibolito com textura granoblástica, contendo granada com até 32% da molécula de piropo, crescimento simplectítico de Pl + Cpx e corona de Amph + Pl. As rochas metamáficas possuem protolito magmático de 2,65 Ga e registram dois eventos metamórficos, o primeiro em 2,0 Ga e o segundo no intervalo de 630 – 590 Ma. 4. rochas supracrustais neoproterozoicas, representadas por paragnaisses finamente bandados, granada-biotita xistos e anfibólio-epidoto calciossilicáticas que também ocorrem como lentes concordantes com a foliação principal. Idades modelo TDM e valores positivos e negativos de εNd(t) em rocha total revelam épocas acrescionárias em 3,3 – 3,1 Ga, 2,9 Ga e 2,7 – 2,5 Ga, com aporte de material juvenil e retrabalhamento de fontes mais antigas já no Arqueano. Na porção leste desse núcleo arqueano são mapeados complexos ortognáissicos ricos em K-feldspato, cujos protólitos apresentam idade de cristalização de 2,23 – 2,18 Ga e composição calcioalcalina de alto K. Os ortognaisses possuem TDM entre 2,59 e 2,46 Ga e εNd(t) negativos, suportando acresção por arcos magmáticos durante o Riaciano. Plutons graníticos neoproterozoicos (600 Ma) alojados em zonas de cisalhamento de escala regional delimitam o Bloco Campo Grande a leste e a oeste. Os dados obtidos mostram que a área de estudo apresenta intenso processo de reciclagem crustal e acresção de
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arcos magmáticos do Arqueano ao Neoproterozoico, representando assim o primeiro registro, em escala de bloco, dos processos quelogênicos necessários para a diferenciação e o crecimento da crosta continental, anteriormente observado apenas em extensas áreas continentais, com mais de 1.000.000 km2. Além disso, a geração de crosta continental em 2,9 Ga é rara, com registros de apenas outras duas ocorrências no Gondwana Ocidental, distantes mais de 2000 km da região de Campo Grande.