dc.description | Este capítulo pretende entender o declínio da monarquia no Brasil e em Portugal e de maneira comparada e integrada, concentrando-se nos aspectos particulares e, ao mesmo tempo, comuns de cada processo. O objetivo desse esforço é compreender as motivações que levaram ambos os países ao republicanismo, lançando luz sobre o que representou esse processo para as classes subalternas. Desse modo, nossa proposta é guiar-nos por uma história social, ou uma história vista de baixo, que se atente aos efeitos sentidos pelas camadas desfavorecidas com essa transição política. No entanto, recorreremos à história política para uma breve contextualização das transformações ocorridas no âmbito das elites e dos governos depostos e recém-instaurados. Além disso, tentaremos entender de que forma os dois movimentos se conectam, tentando encontrar possíveis impactos da transição brasileira em Portugal.
É importante ressaltar que as histórias do Brasil e de Portugal tiveram um tronco comum até 1822, quando o primeiro país se tornou independente do segundo. Após a separação, e até meados do século 20, os dois estados experimentaram sucessivamente as mesmas fases de transformação política: monarquia constitucional, república e Estado Novo. Apesar dessas semelhanças, houve poucas tentativas de comparar suas histórias modernas. Este capítulo é uma tentativa de fazê-lo, enfocando as menos frequentadas dessas comparações, as das primeiras repúblicas brasileira e portuguesa. Procuraremos encontrar pontos comuns e diferentes entre uma república brasileira que chegou tarde em um contexto sul-americano que já se voltou em massa para esta opção, e uma república portuguesa que chegou cedo demais a um continente ainda em grande parte monárquico. Por fim, exploraremos os respectivos fracassos de ambos os regimes que abririam as portas a soluções autoritárias dos dois lados do Atlântico português. | |