dc.description | O presente trabalho tem como objetivo analisar a formação da nação brasileira a partir da obra “Iracema” (1865), do escritor José de Alencar. Com a independência do Brasil de Portugal se acentuou no país um sentimento nacionalista e coube aos intelectuais da época a tarefa de produzir uma historiografia que abrangesse a cronologia pós-chegada dos conquistadores portugueses a fim de se inventar uma história do país desvinculada à de Portugal; com isso foi necessária a busca de um símbolo que representasse a nação brasileira em suas peculiaridades enquanto povo. José de Alencar e parte de sua produção literária, especialmente com “Iracema” lançada em 1865, em grande medida cumpriu com esse desiderato ao
apresentar o povo brasileiro como fruto e expressão da ação de portugueses e indígenas – os primeiros representando a civilização, enquanto que os segundos, a originalidade. Apesar de ser um dos primeiros intelectuais no Brasil a defender e divulgar com otimismo os processos de mestiçagem, biológica e cultural, fundantes da nação brasileira, Alencar também foi responsável por negar a participação dos povos africanos em nossa formação. Em sua escrita, situada no contexto do Romantismo indianista, o nativo foi eleito para representar a pátria brasileira, e, a partir de tal constatação buscar-se-á reunir elementos para demonstrar como o indígena, na verdade, também foi vilipendiado e reduzido a um papel histórico inverossímil. A metodologia adotada será uma análise histórico-sociológica da obra tendo por base a análise do discurso. | |