dc.description | Esta monografia tem como objetivo fazer uma leitura filosófica da épica homérica e da epopeia burguesa, duas formas histórico-sociais distintas que engendram duas formas da grande épica, igualmente, distintas, tanto no que se refere à forma como ao conteúdo artístico. A Teoria do romance de Lukács nos serve de ponto de partida para as questões em torno das duas grandes épicas e dos seus respectivos solos históricos. Para o desenvolvimento das determinações do romance e da epopeia em sua relação necessária com o conteúdo histórico que lhes fornece sustentação será utilizado, ainda, Hegel e Benjamin. Os Cursos de Estética de Hegel (2004) e o Narrador de Walter Benjamin (1994) corroboram com a tese lukacsiana, aqui desenvolvida, da determinação da forma e do conteúdo subjetivo do romance, por um lado, e da carência de individualidade e de subjetividade do conteúdo e da forma da epopeia, por outro. Nessa perspectiva, será contextualizada a época arcaica grega e a epopeia burguesa como formas sociais que fundamentam a determinação da individualidade no romance, assim como a sua carência na forma da grande épica grega. Será desenvolvido, desse modo, alguns aspectos do romance Dom Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes (1980), forma romanesca de transição entre a forma social medieval e a forma social burguesa, para já indicar, neste momento, a ascensão da subjetividade e individualidade próprias do romance. Esta pesquisa se propõe a pensar os fatores da modernidade que permitiram o desenvolvimento pleno e a consolidação do romance, desenvolvendo o fator determinante que caracteriza a época moderna, a saber: a consolidação da subjetividade com o surgimento da esfera da sociedade civil burguesa. | |