dc.description | O mundo moderno é permeado por imagens que comunicam, expressam e propagam ideias.
Elas, muitas vezes, ditam regras e exercem, sobre a sociedade, algum tipo de influência seja em
pequena ou grande proporção. Compreende-se, então, que o mundo da atualidade se constitui
em um grande e significativo contexto imagético com uma cultura baseada e voltada para o
visual. Diante de tal fato, a pesquisa desenvolvida volta-se para a cultura do povo surdo que é
visual. A partir disso, nosso objetivo geral é desenvolver estudos da cultural visual surda com
a formação de um grupo-pesquisador de Sociopoética para identificar aspectos da identidade
cultural. Com esse enfoque, intentou-se buscar respostas para os seguintes objetivos
específicos: verificar como ocorre a construção do pensamento e da linguagem visual do surdo
na construção do conhecimento do mundo; conhecer como os sujeitos surdos se constituem a
partir da visualidade na construção da sua identidade cultural e identificar como as narrativas
imagéticas podem contribuir com os processos de ensino e aprendizagem na educação de surdos
numa perspectiva intercultural. Dessa forma, a presente pesquisa pauta-se em estudos que
permeiam o campo dos Estudos Surdos, cuja finalidade é ampliar os conhecimentos sobre a
cultura surda, sua identidade e a língua de sinais, as quais se caracterizam dentro da cultura
visual. A pesquisa ampara-se na Sociopoética, método desenvolvido por Jacques Gauthier
(2005), filósofo e pedagogo francês. É um método que prioriza a construção do conhecimento
de forma coletiva, no qual todos têm participação na construção do saber produzido. O mesmo
busca valorizar as inúmeras formas de conhecimento juntamente com a multiplicidade de
sentidos e significados. A sociopoética valoriza a criatividade e o prazer em aprender e
compartilhar os conhecimentos produzidos através do corpo inteiro. O método ressalta ainda a
importância das culturas minoritárias, sua resistência e seu papel na produção de conceitos e
nos processos de construção de saberes. Os dados para a pesquisa foram produzidos através de
uma oficina imagética, com narrativas realizadas pelos surdos a partir das imagens (fotos)
produzidas por eles; utilizamo-nos também de gravações de audiovisual, anotações e
observações das atividades participativas com os mesmos. Para fundamentação dos estudos
realizados, lançamos mão de premissas e pressupostos teóricos de autores como, Fernandes
(2003), Goldefeld (2001), Lopes (2011), Perlin (2003), Quadros (1997), Sá (2010), Sacks
(1998), Skliar (2005), Strobel (2008) e outros, que de igual modo contribuíram para o
desenvolvimento desta pesquisa. Os resultados obtidos através do presente estudo indicam que
a imagem é uma poderosa aliada na educação de surdos, uma vez que ele, o surdo, é um ser de
experiências visuais. Ela poderá auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem, facilitando a
compreensão dos conteúdos expostos e possibilitando uma maior e melhor aquisição dos
conhecimentos. A experiência visual do surdo é valorizada através das narrativas imagéticas.
A comunicação com o mundo e a expressão do ser surdo com o outro ouvinte numa relação
intercultural se torna possível por meio da imagem. Desejamos, através desta pesquisa,
contribuir com os Estudos Surdos e com o povo surdo no intuito de alcançar melhorias e
maiores possibilidades para a educação surda. Uma condição possível, se pensarmos os
processos de ensino e aprendizagem a partir do visual, do imagético, uma vez que o surdo é
visual. | |