dc.description | A invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022 despertou ampla atenção por parte da mídia
internacional, destacando também diversas outras questões relevantes relacionadas ao
conflito. Entre elas, destaca-se a significativa dependência energética da Alemanha em
relação ao gás natural proveniente da Rússia. Nesse contexto conflituoso, o governo de
Vladimir Putin, atual presidente da Rússia, se utilizou dessa vulnerabilidade como via de
pressão, levando a uma crise de abastecimento no país. Assim, à luz das teorias clássicas de
Relações Internacionais, complementadas por abordagens mais contemporâneas, este estudo
buscou compreender os processos que contribuíram gradualmente para o aumento dessa
dependência ao longo dos anos. Para tanto, foi apresentado o contexto histórico da
aproximação entre Alemanha e Rússia desde a unificação do Império Alemão em 1871, assim
como os laços culturais estabelecidos entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) e a República Democrática Alemã (RDA) durante o período da Guerra Fria. Dentro
desse mesmo contexto, foram analisadas as consequências da Ostpolitik (política de
aproximação com o leste) de Willy Brandt na política alemã pós-reunificação, bem como o
fato de que os discursos de políticos do Partido Social-Democrata (SPD) continuaram a
reverberar ideias derivadas da détente de Brandt. Por fim, este estudo discutiu os impactos
geopolíticos decorrentes da construção dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que conectam a
Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, no cenário internacional, explorando os trâmites
internos que levaram à decisão de continuar o projeto mesmo sob fortes críticas da
comunidade internacional. | |