dc.description | O Brasil é o maior produtor mundial de café, gerando, em grande escala, resíduos de cascas de café provenientes do beneficiamento do grão. O destino dado a estes resíduos muitas vezes não encontra a solução mais ambientalmente adequada e economicamente viável, sendo necessário o desenvolvimento de estratégias de aproveitamento das cascas de café. A conversão de biomassa em biocarvões (BC) tem sido avaliada com diferentes objetivos, como condicionamento de solos para melhoria de fertilidade ou desenvolvimento de adsorventes para remediação ambiental. Diante desse contexto, o processo de adsorção em BC obtidos a partir de cascas de café submetida a diferentes temperaturas de pirólise (TP 400, 500, 750 e 900ºC) foi avaliado como adsorvente para remoção do corante pararosanilina (PRA). A caracterização dos BC por FTIR mostrou heterogeneidade de grupos funcionais, indicando que a estrutura da superfície (presença de grupos funcionais) dos BC é determinada diretamente pela TP. Os valores de PCZ obtidos foram maiores que 10 para todos os biocarvões, indicando a presença de uma elevada fração de grupos funcionais do material com altos valores de pKa. O comportamento cinético do PRA para os BC seguiu uma cinética de segunda ordem. O efeito do pH foi avaliado e mostrou que para todos os BC, a quantidade adsorvida de PRA foi maior em valor de pH 7,50. Neste pH, obtiveram-se isotermas de adsorção de PRA para os diferentes BC. Verificou-se que a capacidade de adsorção dos BC seguiu a ordem qe(BC900) qe(BC750) qe(BC500) qe(BC400). Para estabelecer a correlação mais adequada para as curvas de equilíbrio, o modelo de Langmuir foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais, apresentando valores de qmax e KL mais elevados para o BC400. A caracterização dos BC indicou que BC400 apresentou maior concentração de grupos funcionais oxigenados e os resultados sugeriram que as interações do tipo ligação de hidrogênio foram importantes para a transferência do corante para superfície do BC. Isso mostra que a maior qe do BC400 foi favorecida por este tipo de interação e que a temperatura de pirólise é, de fato, um parâmetro-chave nas propriedades adsortivas dos biocarvões. | |