dc.description | A Província Mineral de Carajás (PMC) está localizada no sudeste do Estado do Pará,
borda oriental do Cráton Amazônico. Trata-se de área abundante em recursos minerais,
intensamente estudada desde a década de 1960, porém com importantes questões acerca
da sua evolução geotectônica ainda pouco conhecidas. O presente trabalho objetiva estudar
as tramas dúcteis impressas nessas rochas e contribuir para a compreensão da evolução
geotectônica da região, a partir de dados de campo, petrografia e de microtectônica. A área
em estudo fica localizada entre as serras do Sereno, mais a norte, e do Rabo, a sul, e tem
como arcabouço geológico ortognaisses e anfibolitos do Complexo Xingu (assembléia de
embasamento), sequências meta-vulcanossedimentares do Supergrupo Itacaiúnas, bem
como intrusões máficas-ultramáficas acamadadas do Complexo Luanga (e correlatos) e
metagranitóides como o corpo Estrela. Estas unidades são parcialmente recobertas em
discordância angular por rochas da Fm. Águas Claras e cortadas por granitóides
anorogênicos da Suíte Serra dos Carajás.As estruturas estudadas indicam que há uma
superposição entre duas fases de comportamento dúctil, que produziram foliações de estilos
tectônicos distintos. A primeira fase deformacional (Dn) produziu uma foliação de alto
ângulo (Sn), com mergulho para sul e lineação mineral down dip, marcada por associações
minerais de fácies xisto verde alto a anfibolito baixo, além de dobras apertadas a isoclinais.
As estruturas Dn são progressivamente transpostas de N para S por uma segunda família de
estruturas (Dn+1). A foliação Sn+1 se desenvolve como uma fraca crenulação a N da serra do
Sereno, mergulhando 20º para SSE, até o desenvolvimento de shear bands e/ou clivagem
espaçada por transposição da foliação Sn, mergulhando até 85º para SSE já próximo à serra
do Rabo. Em rochas da Fm. Águas Claras, na região de Serra Pelada, ocorre uma clivagem
ardosiana de baixo ângulo, subparalela a Sn+1, interpretada como cogenética às
crenulações. Dobras Dn+1 assimétricas, suaves a apertadas, bem como lineações de
estiramento down dip a levemente oblíquas indicam transporte tectônico para NNW. Dn+1
possui caráter compressivo, com encurtamento na direção NNW-SSE. O estudo petrográfico
de amostras coletadas ao longo de um perfil geológico que atravessa a área estudada
mostrou um incremento do grau metamórfico de norte para sul, em petrotramas associadas
a Dn+1, desde fácies sub-xisto verde até xisto verde alto.Interpretou-se que as estruturas Dn
estão associadas à Orogênese Itacaiúnas (~2.74 Ga), enquanto que Dn+1 corresponde à
evolução do Evento Tectono-termal Sereno (CPRM, 2012). Com relação ao último, foi
possível observar que há crescimento na quantidade de strain de norte para sul, assim como
padrões de interferência e transposição tectônica progressivos, sugerindo sua origem em
local atualmente encoberto pelas rochas do Grupo Baixo Araguaia, a leste e a sudeste da
área estudada. Por relações de campo, é possível deduzir para o Evento Sereno idade
mínima tardi-transamazônica, pois retrabalha estruturas relacionadas à colisão Carajás-
Bacajá e idade máxima de 1,88 Ga, por ser cortado por corpos intrusivos paleoproterozóicos
da Suíte Serra dos Carajás. | |