dc.description | O interesse por Alvaro Reis e suas concepções acerca das crianças desprotegidas, aflorou durante a participação no projeto de pesquisa Ações oficiais de educação para o trabalho no Rio de Janeiro (1900-1920), desenvolvido no âmbito do Programa de Estudos e Documentação, Educação e Sociedade da Faculdade de Educação (PROEDES/UFRJ/FE), coordenado pela Profª Drª Irma Rizzini. À época, durante uma pesquisa que realizava sobre a atuação dos médicos higienistas nos estabelecimentos de ensino profissional no Rio de Janeiro, no início do século XX, deparei-me com a biografia de Alvaro Augusto de Souza Reis. O interesse sobre o médico se deu devido à desproporcionalidade entre o que, de acordo com Sobrinho (1940), constitui seu legado profissional e intelectual, e sua tímida aparição na bibliografia acadêmica em geral, além de seu (então) aparente envolvimento com as questões educacionais. Após um período de afastamento, retomei a pesquisa, tendo como fonte principal a revista Educação e Pediatria, buscando nela as contribuições de Reis. Nosso objetivo central foi identificar as concepções do médico higienista, educador e intelectual sobre a infância desvalida, no período que compreende a existência da revista, 1913-1915, em consonância com o contexto histórico, no qual ocorriam diversas reformas, inclusive nas áreas de saúde, assistência e educação, cumprindo uma agenda republicana civilizatória inspirada nas experiências europeias. Das muitas perguntas que nortearam este trabalho, sublinhamos as seguintes: Que projeto de nação estava em jogo na revista? Qual era a sua agenda? Quais personagens a utilizavam como meio de transformar a realidade em cheque? Quais as concepções de Alvaro Reis sobre a infância desvalida? Como se colocava em suas entrevistas e em seus artigos? Quais eram seus espaços de luta? Destarte, utilizamos os jornais A Notícia e O Paiz, além da Educação e Pediatria, como fontes privilegiadas. Foi possível, ao longo da pesquisa, identificar o Dr. Alvaro Reis como um homem de seu tempo, imbricado em uma realidade complexa, na luta pela legitimação do seu campo de atuação, a pediatria, pelos preceitos higiênicos, que então eram apregoados como a salvação frente aos altos números de mortalidade infantil, e pela assistência e educação à infância desprotegida. Não há dúvidas de que ele estava empenhado, assim como seus companheiros, na construção de um novo país, republicano, são e civilizado. | |