| dc.description.abstract | Esta pesquisa se debruça sobre o eixo Provimento Emergencial do Programa Mais Médicos (PMM) e busca compreender como a Folha de São. Paulo, por meio dos editoriais, construiu sentidos no plano discursivo sobre esta política pública de saúde, que se amparou na cooperação com médicos cubanos durante período em que ocorreram mudanças na condução política do país. De um volume de 316 registros jornalísticos no período, foram analisados 10 editoriais publicados entre 2013 a 2018 e observados também como o tema permeou algumas capas e as demais editorias do jornal. Por meio das análises dos textos, foi possível identificar as materialidades discursivas colocadas em circulação pelo jornal impresso que contribuíram para a produção de efeitos de sentidos sobre a participação dos médicos cubanos no PMM, acionando, em vários textos, o medo como dispositivo discursivo. Como resultado, apontamos a construção de uma realidade em que se privilegiam discursos hegemônicos, representativos do pensamento das elites sociais e financeiras de nossa sociedade Entre os argumentos que foram acionados para justificar sua posição, o jornal apresenta a questão da qualidade da formação dos médicos cubanos, a falta de transparência do governo federal quanto ao valor do pagamento do salário dos médicos cubanos, o frágil monitoramento do PMM pelo governo federal nos municípios, a fixação de médicos em áreas não prioritárias, a falta de condições sanitárias (infraestrutura, medicamentos e insumos na atenção primária), e a falta de uma carreira para médicos do SUS, entre outros dispositivos, para sustentar um posicionamento ideológico contrário ao PMM durante a vigência do governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Os editoriais mudaram a abordagem a partir do momento em que houve o afastamento da presidenta Dilma Rousseff (PT) e de seu partido do comando do governo federal, apresentando também uma cobertura desproporcional, em relação à frequência do tema como pauta. As críticas da Folha de São Paulo ao PMM visaram qualificar a estratégia do governo petista como eleitoreira, chegando a mobilizar sentidos sobre o caráter escravagista adotado pelo governo de esquerda. | |
