Pandemia na TV: os 100 mil mortos por Covid-19 pelas lentes do Jornal Nacional e do Jornal da Record

Abstract

O presente trabalho de conclusão analisou comparativamente a cobertura da pandemia do novo coronavírus nos dois maiores telejornais da televisão aberta brasileira, o Jornal Nacional e o Jornal da Record, no dia 8 de agosto de 2020, quando o Brasil atingiu a trágica marca de 100 mil óbitos pela covid-19. Foi utilizado um protocolo de análise de conteúdo para matérias de ciência, composto por várias dimensões e categorias que ajudaram a realizar a análise comparativa, a partir deuma abordagem qualitativa. A partir da aplicação do protocolo, chegou-se às durações das matérias sobre a covid-19, aos enquadramentos das reportagens, às fontes consultadas e às vozes retratadas nos telejornais. Concluiu-se que, neste dia, o Jornal Nacional abordou a covid-19 de forma dramática; teceu críticas ao presidente Bolsonaro e ao Governo Federal por negligência no enfrentamento à pandemia; trouxe cientistas renomados para falar sobre o vírus e deu voz a cidadãos que haviam sido infectados e/ou que haviam perdido familiares. Em contrapartida, o Jornal da Record abordou a pandemia como segundo plano, dando ênfase à matéria de violência urbana em sua abertura e dedicando menos tempo que o Jornal Nacional para as matérias informacionais da covid-19. O Jornal da Record veiculou matérias relacionadas à pandemia e aos prejuízos econômicos causados por ela de maneira majoritária; não deu voz a cidadãos que fizeram parte dessa estatística simbólica do dia 8 de agosto e, diferente do JN, não criticou o Governo Federal e nem buscou por culpados da crise sanitária.