Análise da qualidade dos dados do SINAN da doença de chagas aguda, malária, febre maculosa e leishmaniose visceral no estado do Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

As doenças por transmissão vetorial são um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, responsáveis pelo aumento nas taxas de morbidade e mortalidade na população acometida. A maioria das doenças transmitidas por vetores integra o rol de doenças cuja notificação é obrigatória através do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). A inserção e o preenchimento correto dos dados na ficha de notificação resultam em informações fidedignas que auxiliam na execução oportuna de ações de prevenção e controle. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade das informações das fichas de notificação das seguintes doenças: doença de Chagas aguda, malária, febre maculosa e leishmaniose visceral que acometem a população do estado do Rio de Janeiro e apresentam características muito distintas de prevalência, transmissão, letalidade e espécies de vetores. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e exploratório realizado com a análise das informações obtidas nas fichas de notificação inseridas na base de dados estadual do SINAN no período de 2007 a 2017. Foram analisadas as seguintes variáveis: duplicidade, oportunidade, completitude e consistência. Foi realizada a distribuição por frequência da duplicidade e da oportunidade dos registros, e, através de uma escala por quartis, a completitude e a consistência das variáveis das fichas de notificação. Com relação à análise da duplicidade, a doença de Chagas aguda apresentou o menor percentual (0,4%), seguida da leishmaniose visceral e febre maculosa com 3% e, por último, a malária com 7% A análise da oportunidade mostrou que, nas nove (09) regiões administrativas de saúde do estado, a maioria das notificações ocorreu em tempo inoportuno, com exceção da leishmaniose visceral. Em todas as doenças analisadas, a completitude dos dados foi \201Cmuito favorável\201D no bloco dos dados de notificação. No bloco dos dados de investigação, a doença de Chagas aguda obteve uma completitude \201Cpouco favorável\201D, enquanto a febre maculosa, a malária e a leishmaniose visceral foram \201Cmuito favorável\201D. Na análise da consistência dos dados do \201CLocal Provável de Infecção\201D, a leishmaniose visceral e a doença de Chagas aguda apresentaram uma consistência \201Calta\201D, a febre maculosa uma consistência \201Cmédia\201D e a malária uma consistência \201Cbaixa\201D. Na consistência dos dados do \201CCritério de Confirmação e Descarte\201D, a leishmaniose visceral, malária e febre maculosa tiveram uma consistência \201Calta\201D, e a doença de Chagas aguda uma consistência \201Cmédia\201D. Na consistência dos dados da \201CClassificação Final\201D, a leishmaniose visceral e a malária tiveram um grau de consistência \201Calto\201D, a doença de Chagas aguda uma consistência \201Cbaixa\201D e a febre maculosa \201Cmuito baixa\201D. Com relação à consistência dos dados sobre o controle de vetores da doença de Chagas aguda, o grau de consistência foi \201Cbaixo\201D. As análises realizadas nesse estudo evidenciam a necessidade de as vigilâncias epidemiológicas municipais executarem uma rotina estabelecida de análise da qualidade dos dados inseridos no SINAN, independente da doença notificada, visto que a ausência dessa rotina implica em dados que não refletem a realidade local e compromete ações de prevenção e controle dos vetores.