dc.description.abstract | O ritmo de vida acelerado das grandes metrópoles impõe mudanças de hábitos. Por exemplo, a necessidade de grandes deslocamentos com menor tempo para realizar atividades cotidianas por vezes se sobrepõe ao momento da realização das refeições. A alimentação, portanto, passa a ser rápida, conveniente e preferencialmente transportável. Evidências demonstram que o ambiente alimentar, que pode ser compreendido como a interlocução entre os ambientes econômico, físico, político e sociocultural, pode influenciar no acesso e nas escolhas alimentares bem como pode ter determinantes relacionadas à saúde: a elevação nos índices de obesidade, por exemplo. No Brasil, com mais de 80% da população vivendo em área urbana e algumas cidades com grande extensão territorial, é quase inevitável que grande parte da população utilize os transportes públicos para se deslocar entre casa, trabalho, escola, etc. Nesses sistemas transportes são encontrados ambientes que podem não favorecer escolhas alimentares saudáveis. Dessa forma, este estudo objetivou descrever o ambiente alimentar de terminais rodoviários da região metropolitana do Rio de Janeiro (a segunda maior metrópole do país). Foram visitados 14 terminais distribuídos pelos cinco municípios mais populosos da região, foram coletadas informações de 156 estabelecimentos que vendiam alimentos e/ou refeições e de mais 127 pontos de venda informal. A exceção da água mineral (82,3%) observou-se presença frequente de alimentos de baixa qualidade nutricional e a baixos preços nos estabelecimentos e pontos de venda informal, como refrigerantes (78%), refrescos (65%), diversos tipos de doces (55,5%), biscoitos (50,5%), balas (46,3%), bebidas alcoólicas (43%) e salgados (29,3%), além de poucas opções de alimentos ou refeições saudáveis. Além da alta exposição a alimentos, os usuários desses terminais também encontram-se expostos a vários tipos de propagandas, sobretudo de cervejas (39,1%) e refrigerantes (34,8%). Entendendo a importância desses espaços na circulação de milhares de pessoas e considerando a grande exposição a alimentos de baixa qualidade nutricional neste grupo populacional, o estudo indica que a situação nutricional do território dos terminais rodoviários é preocupante, pois qualifica-se com ambiente promotor de alimentação não saudável. Entretanto, esses ambientes têm potencial para ampliar a disponibilidade de alimentação saudável, se alvo de intervenções regulatórias e promotoras realizadas pela gestão desses terminais e pelo poder público. | |