dc.description.abstract | Este estudo tem como objetivo analisar as formas de ação política de movimentos sociais, que atuam na defesa do direito à saúde em Salvador, e que utilizam as mídias sociais na conformação de seu ativismo. Para tanto, caracteriza os movimentos atuantes em redes sociais digitais em Salvador de acordo com as categorias: objetivos, pautas, público-alvo, articulação com outros atores e formas de ação. Esta pesquisa se justifica pelo enfraquecimento dos canais institucionais de participação social no Brasil, desde as conquistas do Movimento da Reforma Sanitária e da saúde como direito garantido na Constituição Federal de 1988. Adota-se, como referencial teórico-metodológico, a abordagem teórica de Boaventura de Sousa Santos, acerca das epistemologias do Sul e da ecologia dos saberes, assim como a construção analítica de Geoffrey Pleyers a respeito dos movimentos sociais contemporâneos. Como estratégia metodológica, utiliza o estudo das mídias sociais digitais, tomando a perspectiva das mudanças sociais ocorridas com o advento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (nTIC) e da formação de redes, enquanto práticas cotidianas do mundo atual, considerando-as, também, como categorias. Os principais resultados sugerem que as nTIC contribuem para a conformação do ativismo contemporâneo, e os movimentos sociais atuantes no campo do direito à saúde em Salvador utilizam as mídias sociais conforme as inovações se apresentam, explorando as possibilidades das mesmas, a fim de desenvolver, de forma mais efetiva, o seu ativismo. Por outro lado, as formas de ação da maior parte dos movimentos apresentam-se sob duas vias: as vias da razão e da subjetividade, aproximando-se da perspectiva da cultura alterativista proposta por Pleyers. Além disso, a partir dos resultados, realiza-se um esforço de tradução, com base nos pressupostos teóricos de Santos, o que sugere convergência e possibilidades de articulação e agregação entre os movimentos estudados. Reafirma-se, portanto, a partir desse estudo, que os movimentos sociais reinventam novas formas de ação a partir de novos contextos sociais, políticos, e novas ferramentas de ação, devendo ser considerados não apenas como produtores de práticas, mas, também, como produtores de conhecimentos e visões de mundo, tal como propõe Pleyers. Destaca-se, finalmente, a contribuição da sociologia das ausências, com base nas epistemologias do Sul, no sentido de tornar visíveis as experiências ausentes produzidas como alternativas às experiências hegemônicas, tornando-as presentes, tal como as ações dos movimentos sociais estudados. | |