dc.identifier | MAGALHÃES, Tatiana dos Anjos. Trabalho nas Universidades Públicas durante a pandemia de COVID-19: saber, experiência e resistência dos servidores técnico-administrativos. 2023. 227 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2023. | |
dc.description.abstract | A pandemia de COVID-19 trouxe desafios para a população brasileira e seu conjunto de trabalhadores. As universidades públicas federais foram extremamente demandadas e atacadas neste período, e permaneceram em funcionamento graças a seu corpo de trabalhadores, entre os quais os servidores técnico-administrativos, grupo pouco investigado nas pesquisas acadêmicas. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a relação entre saúdedoença e trabalho deste grupo durante o trabalho remoto na pandemia de COVID-19. O estudo utilizou a metodologia mista, reunindo (i) métodos quantitativos (questionário online), com análises mediantes a estatística descritiva e (2) métodos qualitativos (Oficinas em Saúde do Trabalhador), com o uso da Análise do Discurso de orientação francesa como método de análise. A etapa quantitativa (264 participantes) se refere a mulheres cis (61%), homens cis (36%), não binários (2%) e 1% que preferiu não se identificar. Quanto à raça/etnia, 60% se auto classificaram como brancos, 48%, como pardos e pretos e 1%, como amarelos. Para 50% das mulheres e 45% dos homens, houve aumento no trabalho profissional; 84% e 37%, respectivamente, referem aumento do trabalho doméstico. A etapa qualitativa contou com cinco servidores, tendo sido identificados nas Oficinas os seguintes eixos de análise: trabalho: condições e organização do trabalho; saúde mental: prazer e sofrimento no trabalho; estratégias defensivas: individuais e coletivas; e universidade: o que é a universidade? E qual é a missão da universidade?. Os participantes das Oficinas referiram a sobrecarga de trabalho durante o trabalho remoto, falta de apoio institucional e falta de limites entre a casa e o trabalho. Para se defender das situações de sofrimento, as reuniões de equipe foram apontadas como um ponto de apoio neste cenário. Como fontes de prazer no trabalho remoto foram mencionados o fato de não precisar se deslocar para o trabalho e estar perto da família. Sobre a universidade, os participantes mencionaram seu caráter elitista, ressaltando que algumas disciplinas filtram os alunos, não garantindo a universalização do conhecimento. A identificação de aspectos positivos e negativos do trabalho remoto, principalmente em relação às condições e organização de trabalho, traz subsídios à discussão sobre ações de proteção à saúde mental dos trabalhadores em teletrabalho. Em conjunto, o material empírico contribui para a importante agenda a ser considerada na discussão sobre o teletrabalho, que tem sido implantado nas Instituições Federais de Ensino Superior. O estudo apontou ainda a necessidade de estudos futuros sobre as relações de gênero e trabalho, com foco na interseccionalidade de gênero e raça. | |