Diferenças de gênero na associação entre duração do sono, insônia e fatores de risco cardiometabólicos: resultados do ELSA-Brasil

Abstract

Estudos prévios sugerem uma relação entre a duração do sono e problemas cardiometabólicos, mas há inconsistência na literatura quanto ao padrão dessa associação -se curta e longa duração estão associados aos desfechos. Apesar das conhecidas diferenças de gênero em relação aos problemas do sono, poucos estudos investigaram o sono e os problemas cardiometabólicos, considerando o gênero. Testar (i) a tendência em forma da U para a relação entre duração do sono e alterações cardiometabólicas (triglicerídeos, pressão arterial, IMC, HbA1c e HDL-colesterol) e (ii) associações entre a insônia e os desfechos, segundo gênero. Foram utilizados dados da onda 2 do ELSA-Brasil (7491 mulheres e 6232 homens). Variáveis de sono: (i) duração de sono (≤6 h; >6h - ≤8h; >8h); (ii) insônia (sim/não); (iii) curta duração de sono e insônia (sim/não). Os desfechos binários foram: (i) hemoglobina glicada (HbA1c) ≥6.5%; (ii) triglicerídeos (TG) ≥150mg/dL, (iii) HDL. No total, 47,6% e 49,1% das mulheres e homens, respectivamente, referiram curta duração de sono; 4,5% e 3,2% referiram sono de longa duração; 27,8% e 19,3% das mulheres e homens, respectivamente, referiram insônia. Após ajuste por confundidores, para as mulheres, foi observado que tanto a curta quanto a longa duração do sono estavam significativamente associadas aos elevados níveis de HbA1c, ao excesso de peso e à HAS. Também foram observadas associações significativas da insônia e da combinação da insônia com curta duração do sono com os desfechos. Para os homens não foram observadas associações significativas. As associações entre duração do sono, insônia e as alterações cardiometabólicas entre mulheres, mas não entre homens, confirmaram nossa hipótese sobre as diferenças de gênero. Os resultados acerca das associações entre a duração do sono e cada desfecho independentemente das queixas de insônia (e vice-versa) também são relevantes. Em suma, contribuem para as discussões sobre a qualidade do sono e suas implicações clínicas e para a saúde pública.