dc.description.abstract | Histoplasmose (Hc) é uma micose sistêmica cosmopolita; sua evolução clínica depende do estado imunitário do hospedeiro, do tamanho do inóculo e da virulência da cepa. O objetivo geral do estudo foi descrever os casos de Hc no INI, de 2000 a 2018 e traçar o perfil de risco associado em pacientes infectados (HIV+) e não infectados por HIV (HIV-). Este é um estudo descritivo, retrospectivo, a partir de prontuários de pacientes com diagnóstico clínico-laboratorial de Hc, confirmado através de cultura, sorologia ou histopatológico. Os dados foram alimentados no programa REDCap. Estatística foi feita com o programa R versão 3.5.1 Foram incluídos 99 registros; 65 eram HIV+ e 34 HIV-. A idade média foi 39,1 ± 11 anos nos HIV+ e 39,4 ± 16,1 anos nos HIV-. Dentre os HIV- houve dois casos de transplante de órgãos sólidos e 2 portadores de reação hansênica em uso crônico de altas doses de corticoterapia. Pacientes HIV- apresentaram com maior frequência fatores de exposição para aquisição de histoplasma (contato com morcegos, 17,6% vs 0, e contato com poeira/solo 14,7% vs 1,5% respectivamente). A mediana de tempo entre o início da clínica até o diagnóstico foi de 8 semanas nos HIV- e 22 nos HIV+. Predominou a forma disseminada nos HIV+, 79,4% vs 36.4% nos HIV-. Nos HIV -, predominou a forma pulmonar crônica 15(45,5%) Nos HIV+ em relação aos HIV\2013 foram encontrados, respectivamente, hepatomegalia em 21.5% vs 5.9%; esplenomegalia 18.5% vs 2.9%; anemia 35.4% vs 11.8%; leucopenia 21.5% vs 5.9%. Nos HIV+,a mediana de CD4 foi de 70; abandono de terapia antirretroviral (TARV) foi encontrada em 18,5% e não uso anterior de TARV em 41,5%. Foi observado significância estatística nos HIV+ vs HIV- quanto a hipoxemia 25.4% vs 6.1%; hemoglobina sérica 9.5 vs 12,5 mg/dl; transaminase glutâmico oxalacética (TGO) 22 vs 78 UI; lactato desidrogenase 186 vs. 618 UI; gama glutamil transferase 161 vs 48. Tuberculose associada foi encontrada em 20% dos HIV+. Foi necessária a internação hospitalar em 71,4% dos HIV+ vs 12,1% dos HIV- ; evoluíram a óbito 46% dos HIV+ vs 8,8% dos HIV-. Anemia, leucopenia, ser internado no CTI, receber aminas e ventilação mecânica foram associados a óbito por Hc em análise univariada. Todos os óbitos ocorreram em pacientes com a forma disseminada de Hc. Mediana de tempo para diagnóstico por cultivo nos HIV + foi 13.5 dias vs 12.5 nos HIV-. Hemocultivo nos HIV+ foi positivo em 32.3% vs HIV- 11.8%, p= 0.025 e cultivo de medula óssea em 36.9% vs 8.8%, p=0.003 Realizaram histopatológico 25 HIV+, e 18 (72%) apresentaram laudo compatível com histoplasmose, sendo os maiores ganhos em gânglios :11/18 (61.1%) e medula óssea :12/18 (66.6%). O Western blot foi positivo em 90% dos HIV+ e em 90.6% dos HIV-; imunodifusão dupla foi reagente em 65% nos HIV+ e 83.8% nos HIV-. Nessa série de casos de Hc 2/3 eram HIV+, com doença avançada e não uso ou abandono de TARV. Dados epidemiológicos clássicos para Hc foram pouco frequentes nos HIV+. Diagnóstico foi tardio, com confusão diagnóstica com tuberculose, que esteve associada em 1/5 dos casos. Pacientes HIV+ tiveram com mais frequência a forma disseminada, com necessidade de internação e maior mortalidade que os HIV-. É fundamental o rastreamento precoce para Histoplasmose para pacientes HIV positivos assim como para pacientes em uso de imunossupressores. | |