dc.identifier | PEREIRA, Thiago Nunes. Estudo da competência vetorial de diferentes espécies de mosquitos e a influência da bactéria Wolbachia sobre o Mayaro vírus. 2020. 100 f. Tese (Doutorado em Ciências - Área de Concentração Biologia Celular e Molecular, Genética e Bioinformática) - Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Belo Horizonte, 2020. | |
dc.description.abstract | As principais causas de morbimortalidade humana em áreas tropicais e subtropicais do mundo estão relacionadas às doenças transmitidas por mosquitos, tornando-se um dos maiores desafios de saúde pública. Dentre elas está uma doença com caráter emergente, que tem como agente etiológico o Mayaro vírus, e que causa em humanos uma síndrome febril, que pode ser acompanhada por um quadro de artrite/artralgia incapacitante. Diversos casos de Mayaro em países da América Latina já foram relatados e atualmente essa doença é considerada de notificação compusória no Brasil. No entanto, pouco se sabe sobre a competência vetorial dos diferentes mosquitos brasileiros frente ao vírus Mayaro (MAYV). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a competência vetorial de diferentes espécies/populações de mosquitos e a influência da bactéria Wolbachia como uma ferramenta de bloqueio deste vírus. A competência vetorial foi avaliada com base na taxa de infecção viral e transmissão de MAYV após a nanoinjeção de saliva de mosquitos infectados. Para as especies Aedes aegypti, Aedes albopictus e Culex quinquefasciatus oriundos de Belo Horizonte, foi observado uma taxa de infecção de 57,5%, 61,6% e 2,5% respectivamente. Em relação a taxa de transmissão de MAYV, foi observado 69,5% para Aedes aegypti e 71,1% para Aedes albopictus, fato inverso ocorreu com o mosquito Culex quinquefasciatus que não foi capaz de transmitir o MAYV. Observou-se ainda que quantidades baixas de vírus, presentes na saliva (indetectáveis por RTqPCR), são virulentas o suficiente para garantir a transmissão quando nanoinjetadas. Já para as populações de Aedes albopictus observou-se uma taxa de infecção de 28,2% para os mosquitos do Rio de Janeiro, 56,6% para Minas Gerais e 58,7% para Santa Catarina, respectivamente. Os experimentos de avaliação do potencial de transmissão mostraram que mais de 50% dos mosquitos nanoinjetados com saliva de Aedes albopictus infectados com o MAYV foram positivos. Em relação a presença de Wolbachia em Aedes albopictus (wAlbA e/ou wAlbB), observou-se diferença significativa entre as variáveis MAYV e Wolbachia apenas em 14 dpi para wAlbB nas populações de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, indicando uma possível correlação entre a presença desta cepa de Wolbachia e a menor taxa de infecção. Por fim, em relação aos estudos com a cepa wMel de Wolbachia, nossos ensaios in vitro com células Aag2 mostraram que o MAYV pode se multiplicar rapidamente, enquanto que nas células Aag2 portadoras da cepa wMel, o crescimento viral foi significativamente prejudicado. Além disso, quando avaliada a infecção em células C6/36 alterações morfológicas foram observadas. Já in vivo, em mosquitos Aedes aegypti com a Wolbachia, a habilidade de infecção e transmissão do MAYV foi significativamente comprometida. No geral, nossos resultados mostram evidências de que os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus (em condições de laboratório) exibem significativa competência vetorial para o MAYV. Além disso, sugerimos que o uso de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia pode representar um mecanismo eficaz para a redução da transmissão do MAYV na América Latina, caso esse vírus venha a ser transmitido por Aedes aegypti. | |