Estresse, sintomas ansiosos e depressivos e sua respectiva associação com alterações do ciclo menstrual em professoras

Abstract

Os indivíduos do sexo feminino possuem um risco duas vezes maior de desenvolver depressão e ansiedade quando comparados ao sexo masculino. De modo análogo os professores da rede básica de ensino possuem maior risco de desenvolver transtornos mentais em relação a indivíduos que exercem outras funções. No Brasil cerca de oitenta por cento de todo o corpo docente da educação básica é composto pelo sexo feminino, sendo assim as professoras possuem pelo menos dois fatores de risco, o sexo e a profissão, de desenvolverem transtornos de ansiedade e depressão. O objetivo deste estudo foi realizar a caracterização de uma população de professoras relacionando possíveis alterações do ciclo menstrual e perfil sociodemográfico com o aparecimento de sintomas ansiosos e depressivos. Para tanto, foram aplicados um questionário acerca da saúde reprodutiva da mulher, um questionário sociodemográfico, bem como o depression, anxiety and stress scale (DASS-21), e o índice de função sexual feminina (FSFI). Neste estudo o estado civil foi um fator importante, sendo associado a depressão e ansiedade, onde as casadas apresentaram mais sintomas de depressão e ansiedade. Em relação aos aspectos de saúde da mulher, as casadas apresentaram menos sintomas emocionais durante a TPM (tensão pré-menstrual), enquanto as que se autodeclararam brancas tiveram menos sintomas físicos na TPM. Já as com ciclo menstrual ativo, em idade fértil, apresentaram mais sintomas de depressão quando comparadas com as com ciclo inativo. As professoras eutróficas, de acordo com a classificação no IMC, apresentaram mais sintomas depressivos que as com obesidade e sobrepeso, e mais estresse quando comparadas com as com sobrepeso. Por fim, concluímos que os fatores de saúde física e reprodutiva tiveram influência na saúde mental desta população e vice-versa. Estudos futuros podem auxiliar na melhor compreensão desta associação.

Females are twice as likely to develop depression and anxiety compared to males. Symbolically, teachers in the basic education network have a greater risk of developing mental disorders compared to individuals who perform other functions. In Brazil, about eighty percent of all teaching staff in basic education are female, so teachers have at least two risk factors, sex, and profession, of developing anxiety and depression disorders. Both risk factors are felt in the literature, but their interrelations with other biological, socioeconomic, and cultural aspects are not yet fully elucidated. Given this situation, the objective of this study was to characterize a population of teachers relating possible changes in the menstrual cycle and sociodemographic profile with the appearance of anxiety and depression. This study identified that marital status seems to be an important factor in this population being associated with depression and anxiety, where married women had more symptoms of depression and anxiety, but less emotional symptoms in PMS. Declaring herself white was protective for the emotional symptoms of PMS. Eutrophic teachers, according to BMI classification, are more likely to have depressive symptoms than obesity and overweight, and more stress when detected as overweight, while having an active menstrual cycle was a risk factor for depression. However further studies are needed to investigate these associations to explain them more clearly.