Custo da sepse neonatal para o Sistema Único de Saúde brasileiro

Abstract

Introduction: Neonatal sepsis has an incidence of 1 to 8 cases for every 1000 live births. For those with birth weight <1500g, this incidence is even higher (11 to 25%). Despite advances in the field of perinatology, the average mortality rate is 25%. There are few national data regarding the cost of sepsis and such data involve pediatric and adult patients, but there are no specific data for the neonatal group. Given the scarcity of studies, a better understanding of the costs related to neonatal sepsis may help to assess cost-effective strategies for its prevention and treatment. Objective: To evaluate the hospital cost of hospitalized newborns diagnosed with sepsis in the period 2008 to 2018, from the perspective of the Brazilian Public Health System (Sistema Único de Saúde). Method: Cross-sectional study, with analysis of secondary data from the databases of the Hospital Information System of the Brazilian Public Health System. Infants hospitalized between 0-30 days after birth with a diagnosis of sepsis from 2008 to 2018 were included. The diagnosis used in the study was the one that the hospital considered as the main diagnosis at admission. Costs were analyzed in dollars and reflected only the amount paid by the Brazilian Public Health System to the hospitals for the informed diagnosis upon admission by filling out the hospital admission authorization. The costs were evaluated as the total per admission, and they were compared among Brazilian geographic regions, among etiologic agents, and between neonates with the diagnosis that survived or died. Results: From 2008 to 2018, 47,554 newborns were hospitalized for neonatal sepsis (frequency of 148.04 cases per 100,000 live births), with an average cost of US$ 3,345.59 per hospitalization. Among the Brazilian regions, the average cost of transfer from the Brazilian Public Health System per hospitalization for neonatal sepsis ranged from US$ 2,970.60 in the North region to US$ 4,305.03 in the Midwest region. The highest mean cost was related to hospitalizations for sepsis due to Gram negative agents; the lowest average cost was related to Streptococcus agalactiae sepsis. When comparing the costs of hospitalization between surviving patients and those who died of neonatal sepsis, a higher cost was detected for those who died (t-test; p=0.046). Conclusions: The discussion about neonatal care costs is necessary so that the improvements in the quality of neonatal care may be implemented in a way consistent with the conditions of the country, within the principles of bioethics, guiding the care of newborn infants and their families.

Introdução: A sepse neonatal apresenta incidência de 1 a 8 casos para cada 1000 nascidos vivos. Para aqueles com peso ao nascer <1500g tal incidência é ainda maior (11 a 25%). Apesar dos avanços na área da perinatologia, a taxa de mortalidade é em média de 25%. Há poucos dados nacionais a respeito do custo da sepse e tais dados envolvem pacientes pediátricos e adultos em um mesmo estudo e não há dados específicos no grupo neonatal. Diante da escassez de estudos, um melhor conhecimento dos custos relacionados à sepse neonatal pode auxiliar no dimensionamento do problema e de estratégias custo-efetivas para sua prevenção. Objetivos: Avaliar o custo hospitalar de recém-nascidos internados com diagnóstico de sepse no período de 2008 a 2018, sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde. Método: Estudo transversal, com análise de dados secundários dos bancos de dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde. Foram incluídos recém-nascidos com idade de 0-30 dias internados com diagnóstico de sepse entre 2008 e 2018. O diagnóstico utilizado foi aquele que o hospital considerou como diagnóstico principal da internação para enviar ao sistema do SUS. Os custos foram analisados em dólar e refletiram apenas o que o sistema de saúde paga aos hospitais SUS pelo diagnóstico informado na internação por meio do preenchimento da Autorização de Internação Hospitalar Os custos foram avaliados no seu total por internação, de acordo com a região brasileira, de acordo com o agente etiológico e comparados entre óbitos e sobreviventes. Resultados: No período de 2008 a 2018, 47.554 recém-nascidos foram internados por sepse neonatal, representando uma frequência de 148,04 casos por 100.000 nascidos vivos, com um custo médio de US$ 3.345,59 por cada internação. Entre as regiões brasileiras, o custo médio de repasse do SUS por internação por sepse neonatal apresentou variação de US$ 2.970,60 na região Norte a US$ 4.305,03 na região Centro-Oeste. O custo médio mais elevado foi relacionado às internações por sepse decorrentes de germes Gram negativos; o menor custo médio foi relacionado às internações por sepse por Streptococcus agalactiae. Na comparação dos custos da internação entre os pacientes sobreviventes e os que foram a óbito por sepse neonatal, houve custo maior para os pacientes que foram a óbito (teste t; p=0,046). Conclusões: A discussão sobre custos do cuidado neonatal é necessária para que a melhoria da qualidade da assistência ao recém-nascido possa ser implantada de maneira condizente com as condições do país, dentro dos princípios da bioética, norteando os cuidados com os recém-nascidos e suas famílias.