dc.description.abstract | A família resistiu às transformações históricas mais diversas e a universalização de seu conceito faz com que espectadores a identifiquem e a associem sem esforço em narrativas fílmicas. Esse fenômeno aponta uma qualidade universal da instituição que, apesar de poder ter sua forma e função variada de acordo com as forças sociais, econômicas e culturais de um determinado período, é comumente representada e, sobretudo, reconhecida em obras fílmicas. Para compreender como são construídas as encenações imagéticas da família e do gênero em três filmes, Tudo sobre minha mãe (1999), Billy Elliot (2000) e Capitão Fantástico (2016), a presente pesquisa parte do pressuposto que não há significado inerente ao filme, mas sim, um recorte ideológico do mundo sensível, para então, investigar conjuntos significativos e identificar como se apresentam ideologicamente essas questões universais que permeiam as discussões sobre família nas respectivas obras. A escolha de Tudo sobre minha mãe, Billy Elliot e Capitão Fantástico, filmes de caráteres díspares, ambientados em diferentes contextos espaço-temporais, se deu a partir do princípio da valorização das imagens e não a partir das questões externas a elas, como carreira dos cineastas Pedro Almodóvar, Stephen Daldry e Matt Ross, circunstâncias históricas da inserção dos diretores ou momento de estréia dos filmes. O método utilizado consiste justamente em assistir os filmes repetidas vezes, ou seja, na análise da imagem a partir do ponto de vista sociológico, recorrendo principalmente aos conceitos apresentados pelo historiador Pierre Sorlin em Sociologia do Cinema como aporte teórico para análise técnica das imagens. Desta forma, cabe às questões, não ao filme em si, sustentarem o sentido da problematização a partir da construção fílmica composta pelas narrativas, montagem, movimentos de câmera, ângulos, luz, músicas, sons e cores, ou seja, a pesquisa considera os filmes suficientes por si só, no sentido de que, não se tem por objetivo supor uma transposição da realidade, mas sim a interpretação das imagens sem conceitos pré-concebidos, utilizando a teoria sociológica e cinematográfica como auxílio para uma análise embasada e aprofundada. | |