dc.description | Ancorada nos Estudos Culturais em Educação e nos Estudos Surdos, a presente pesquisa parte do seguinte questionamento: Que representações sobre ‘ser surdo’ e sobre as experiências acadêmicas circulam em teses e dissertações de surdos? O objetivo principal é investigar as narrativas de surdos da pós-graduação, registradas em suas teses e dissertações produzidas nos programas de pós-graduação (PPG) brasileiros, da primeira publicação, em 1998, até o ano de 2018. Os objetivos específicos são: (a) investigar as temáticas, os conceitos e as linhas de pesquisa em teses e dissertações produzidas por surdos; (b) analisar as narrativas de si presentes nas produções acadêmicas; (c) discutir as representações do espaço acadêmico, das línguas que circulam nesse espaço e dos profissionais que nele atuam (professores e intérpretes). Costurada por uma metáfora que aproxima a prática de pesquisa à experiência de um viajante, a investigação se ancora na asserção de que a escrita acadêmica é autobiográfica. Os aportes teóricos que sustentam esta investigação são as teorizações de Stuart Hall acerca das representações, e de Jorge Larrosa a respeito da experiência e das narrativas de si. Adicionalmente compõem as análises o conceito de narrativa e as elucubrações de diversos autores do campo das pesquisas pós-críticas em educação que sustentam teorizações sobre o fazer pesquisa. A análise foi construída em três etapas principais, a partir de dados coletados em fichas catalográficas, nos elementos pré-textuais, e nas seções introdutórias e conclusivas. As análises evidenciaram a prevalência de investigações produzidas nas áreas de Educação, Linguística e Estudos da Tradução, em Programas de Pós-Graduação que possuem políticas e ações afirmativas direcionadas aos sujeitos surdos. A leitura das seções introdutórias dos textos acadêmicos possibilitou o encontro com diversas narrativas de si, as quais foram analisadas em dois blocos: narrativas da infância e narrativas da vida acadêmica. A ênfase é dada às narrativas da infância, que enfatizam relações familiares e experiências escolares; salientando o valor da língua de sinais como aquela que sustenta a produção das identidades surdas. Na interseção das narrativas dos dois blocos destacados, se percebe que, na medida que elas denunciam situações de exclusão vividas, destacam o espaço acadêmico como um ambiente em que resistências são empreendidas. Em relação às narrativas referentes às vivências da pós-graduação, destaca-se o papel dos/as orientadores/as e tradutores/as como aqueles/as que possibilitam a produção de um texto acadêmico produzido a muitas mãos, com referência ao caráter bilíngue da escrita. A presença surda na academia evidencia-se, portanto, como uma presença política, uma vez que realça a diferença surda e, a partir dela, procura reconstruir o espaço acadêmico. | |