| dc.description | O El Niño-Oscilação Sul, ENSO, é um importante fenômeno natural que tem sido intensificado pelas alterações climáticas atuais. Sendo um evento de atuação global, o ENSO provoca teleconexões com todos os continentes. No Brasil, a região Sul é uma das mais acometidas. A intensificação (atenuação) no regime de chuvas durante o El Niño (La Niña) aumenta (diminui) a vazão dos rios e diminui (aumenta) a salinidade de corpos d’água estuarinos, afetando a ecologia desses ambientes costeiros. Neste trabalho foi investigada a variabilidade de fatores bióticos e abióticos na Baía da Ilha de Santa Catarina (BISC) e suas correlações com o ciclo ENSO, ao longo de duas décadas. Trabalha-se com a hipótese de que o ENSO causa efeitos de conotação negativa sobre a comunidade bêntica da BISC, sendo tais resultados mais expressivos em períodos El Niño/La Niña considerados moderados ou fortes.
Nossos resultados apontam significância estatística entre fatores abióticos locais e vários dos índices ENSO utilizados, principalmente com temperatura máxima, insolação e vazão mínima fluvial. A correlação negativa entre a menor descarga do Rio Cubatão do Sul e o índice ONI indica que em períodos de La Niña (El Niño) há menor (maior) input de água doce nas baías, influenciando na salinidade do sistema estuarino. Análises de regressão linear apontam variação temporal crescente da abundância média trimestral. Além disso, também encontramos correlação significativa positiva entre a abundância e eventos de La Niña. Entretanto, episódios de La Niña mais intensos levam a queda de abundância da macrofauna bêntica da BISC. Avaliamos a tendência temporal de ocorrência dos ciclos ENSO porém não foi encontrado resultados significativos entre El Niño, La Niña ou ENSO-neutro. Mesmo com diversas limitações, os dados aqui trabalhados mostram que a macrofauna bêntica local é afetada pela atuação de sistemas climáticos de escala global, como o ENSO. No entanto, faz-se necessário a realização de mais estudos acerca da intensificação e alteração da frequência dos eventos ENSO. | |
