dc.description.abstract | Existem várias hipóteses sobre as causas da raridade e padrões biológicos que diferenciam espécies comuns e raras de plantas. O objetivo desse trabalho foi verificar as diferenças na biologia de uma espécie de ampla distribuição (Mimosa claussenii) e de três endêmicas (M decorticans, M. heringeri e M. setosissima), que poderíam estar associadas ao seu estado de raridade. Estudei três populações de M. claussenii e uma população de cada espécie endêmica, em quatro localidades no Brasil Central. Comparei a estrutura populacional, fenologia e produção de frutos, predação de sementes, germinação, estabelecimento e alocação de biomassa entre as seis populações. As espécies endêmicas ocorreram em maior densidade, com predomínio de indivíduos jovens. Quando em simpatria, as espécies raras e comum apresentaram uma correlação negativa significativa de ocorrência (rs=-0,87, P<0,001 em Cristalina; rs=-0,70 P<0,001 em Pirenópolis), com M. claussenii ocupando sítios de solo seco e pedregoso, enquanto que M. decorticans e M. setosissima ocuparam lugares mais úmidos. As espécies raras produziram mais frutos e mais sementes sadias por indivíduo, com massa superior à espécie comum. Mimosa setosissima teve a maior taxa de germinação e estabelecimento, mas não persistiu fora do seu centro de endemismo. Mimosa claussenii apresentou maior proporção de biomassa subterrânea, o que pode representar uma vantagem no estabelecimento. Os aspectos biológicos estudados não apontam para uma maior aptidão da espécie comum em relação às espécies raras. O endemismo das espécies estudadas pode estar associado ao isolamento edáfico e a mudanças climáticas do Quaternário. A conservação das espécies raras estudadas é discutida. | |