dc.description.abstract | Uma das espécies de gramíneas de maior importância no Cerrado, Echinolaena inflexa, pode ser encontrada tanto em ambientes protegidos como em áreas queimadas. Dados da literatura e observações de campo sugerem que esta espécie apresenta estratégias distintas quando em ambientes constrastantes. Em áreas protegidas de queimada seria uma estrategista "K" e em áreas queimadas uma estrategista "r". O objetivo deste estudo foi comparar a mudança na arquitetura, alocação de recursos, investimento em reprodução sexuada e recolonização de áreas queimadas por E. inflexa entre uma área de campo sujo de Cerrado protegida de fogo há 21 anos e outra queimada após 21 anos de proteção. O estudo foi realizado nas parcelas experimentais do "Projeto Fogo" localizado na Reserva Biológica do IBGE, em Brasília DF, durante a estação chuvosa de 1996. De janeiro a maio de 1996 ao longo de transectos aleatórios de 25 metros, foram coletadas quinzenalmente 25 plantas em cada área. De cada planta foi contado o número de inflorescências, espiguetas, ramificações e determinada a biomassa vegetativa e reprodutiva. A biomassa investida em frutos (cariopses) foi medida a partir de inflorescências coletadas em ambas as áreas. Para acompanhar a colonização, foram estabelecidos aleatoriamente 104 parcelas de 20 x 20 cm na área protegida e 42 parcelas na queimada. Nestes blocos foram monitorados o surgimento de novos indivíduos de janeiro a maio de 1996. Outros 150 blocos aleatórios foram estabelecidos em janeiro e abril em cada área para o monitoramento da estratégia de colonização (recrutamento via semente ou rizoma). A arquitetura de E. inflexa foi mais ramificada na área protegida. O número médio de espiguetas por inflorescência foi significativamente maior na área queimada (12) que na protegida (8). O investimento em cariopse também foi maior na área queimada que na protegida (média de 0,020 e 0,015 g respectivamente) (P < 0,001). No entanto não foi encontrada diferença significativa no esforço reprodutivo entre as áreas. A biomassa vegetativa na área queimada foi inferior à da protegida, mas esta diferença não foi significativa. A produção média global (soma de todas as coletas) da área protegida foi maior que da queimada. A recolonização na área queimada ocorreu principalmente até o mês de janeiro enquanto na área protegida observamos duas coortes (fevereiro e abril). O recrutamento por sementes foi significativamente maior na área queimada (160 plântulas) que na protegida (71 plântulas). Porém, o recrutamento por reprodução vegetativa foi maior nas duas áreas (430 e 361 plântulas respectivamente). A ramificação média dos rizomas foi significativamente maior na área queimada. Os resultados mostraram uma clara diferença entre plantas quando em ambientes distintos. Na área queimada ela investiu preferencialmente em reprodução tanto sexuada como assexuada e sugerimos que E. inflexa comporta-se como uma estrategista "r" na área queimada quando comparada à área protegida onde comporta-se como uma estrategista "K". | |