Informes técnico
Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis ou Capela Dourada - Recife
Autor
Santiago, Antônio M.
Resumen
Robert Smith aponta que a solução com painéis pictóricos nas paredes do arco-cruzeiro aproxima muitas igrejas nordestinas das soluções lisboetas, a exemplo do mosteiro de Madre de Deus em Xabregas, e se distancia da maioria de outras igrejas brasileiras. A capela é inteiramente revestida de talha dourada com soluções arquitetônicas dos arcos em estilo nacional português, exceto quando há azulejos entre os altares laterais e pinturas parietais. Smith aponta ainda o monopólio das soluções ornamentais já joaninas pelos franciscanos desde a igreja de São Francisco, no Porto, em Portugal, passando diretamente para o Recife, Salvador e Rio de Janeiro.Há um equilíbrio entre a colocação dos anjos e pássaros no meio de colunas cobertas de cachos de uvas que espalham sobre as superfícies um vocabulário comum de formas vegetais. Da mesma forma, o teto, curvo, é formado de painéis emoldurados por talha dourada. As portas laterais são almofadadas e de vergas retas. A azulejaria é assinada por Antônio Pereira. O clima de oração é assegurado pela penumbra da capela, tomada pelos entalhes dourados que se revelam aos poucos aos fiéis. Há uma entrada pela rua para as demais dependências da ordem terceira, em pedra de lióz no estilo pombalino, com pedras reaproveitadas da antiga matriz do Corpo Santo do Recife. As esculturas de vestir – santos de roca - podem ser vistas no claustro e ampla sacristia bem iluminada. A chamada Capela Dourada, ligada à igreja conventual por um arco, surgiu durante o apogeu econômico de Pernambuco e seu comércio de açúcar com a Europa no século XVII. A construção teve início em 1696 e terminou em 1724 ,constituindo-se o protótipo das capelas acopladas às igrejas franciscanas. Tornou-se sinônimo de Capela Dourada pelo seu equilíbrio entre os elementos ornamentais de talha, azulejos e pinturas. A talha da capela-mor, o sacrário, o frontal e um armário de cada lado para servir de credência foram executados por Antônio M. Santiago, em 1698. As pinturas das paredes, feitas entre 1699 e 1700, e as do teto, entre 1700 e 1702, estão entre as mais representativas do Brasil. Credita-se a José Pinhão de Matos a autoria dos nove painéis representando os santos da ordem franciscanas.