Joan Miró: a força da matéria (Instituto Tomie Ohtake)
Autor
Miró, Joan
Resumen
A Exposição dedicada a Joan Miró no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo apresenta sua exploração da forma e da matéria, a libertação do gesto e simplificação da figura. Trata-se de um recorte abrangente da produção de Joan Miró, que busca enfoque nos processos de criação do artista catalão através de uma retrospectiva de 50 anos de suas obras. A Exposição apresenta 41 pinturas, 22 esculturas, três objetos (ponto de partida de esculturas), 20 desenhos, 26 gravuras, sete fotografias e quatro vídeos, além de cartazes e catálogos de sua vida. Com atenção especial à pintura e escultura, suportes pouco explorados em outras exposições brasileiras sobre o artista, o Instituto Tomie Ohtake procura mostrar ao púbico o apuro técnico de Miró: suas superfícies coloridas, seus grafismos e as texturas de suas esculturas. Joan Miró nasce em 20 de Abril de 1893 em Barcelona. Na adolescência, ao manifestar seu interesse pelo mundo artístico, enfrenta a hostilidade da família e entra na escola de comércio por insistência do pai - mas pôde, no entanto, inscrever-se simultaneamente na escola de Belas Artes. Pouco depois entra em uma empresa de construção e produtos químicos mas logo é despedido. A partir dos 19 anos passa a se dedicar inteiramente à pintura. Em 1918 tem sua primeira exposição individual na Galeria Dalmau e em 1920 vai para Paris onde encontra-se com Picasso - a partir de então começa a situar-se no cenário artístico entre artistas como Gargallo, Paul Élouard, André Breton e Louis Aragon.
Aos 31 anos o artista começa um rompimento com o passado. Seu ponto de partida é o niilismo e o dadaísmo, não nomeia mais suas obras e refere-se a elas como “X”. Sua transformação se segue pelos anos da Segunda República Espanhola. Alguns anos depois, no começo da Guerra Civil Espanhola, Miró se muda para Paris com mulher e filha - durante essa época o desenho predomina intenso, expressa o grito e a dor das mortes causadas pelo conflito. Com o avanço da guerra, os desenhos de Miró parecem distanciar-se da realidade, como evidencia a série de 23 Constelações, pintadas durante 1940 e 1941. Seis anos depois Miró viaja para Nova York pela primeira vez, permanece lá por 9 meses e retorna a Barcelona, agora trabalhando o desenho por outra perspectiva: deixa a mão flutuar livremente sobre o papel com fundos compostos por uma matéria liquida e translúcida. Uma leveza provinda do distanciamento e solidão do artista para a concepção de suas obras.
Em 1959 declara: “O anonimato me permite renunciar a mim mesmo, mas ao renunciar a mim mesmo, afirmo me mais.” Miró permanecia ativo aos 67 anos, sua obra 'Pintura' de 1960 é uma prova de sua vivacidade, permanece trabalhando diferentes técnicas e suportes: cerâmica, escultura, gravura e litografia. Ativo até a morte, em 25 de Dezembro de 1983. Quando questionado em 1980 sobre seu ritmo de trabalho responde: “Trabalho pela manhã. Trabalho à tarde. E quando não trabalho continuo pensando no trabalho”.