Via Sacra de Portinari (Igreja Matriz do Bom Jesus da Cana Verde)
Author
Portinari, Cândido
Abstract
A obra sacra de Portinari permeia sua obra com todo o requinte e beleza como requerem as obras de veneração e ensinamento religioso. A tradição pictórica é do período colonial com cenas da vida do santo protetor daquela igreja e acrescida sempre pela colocação da Via Crucis ou Via Sacra no corpo do templo. A mais polêmica Via Sacra de Portinari encontra-se na Capela da Pampulha (1943) juntamente com um painel do São Francisco. A Capela Mairinque na Floresta da Tijuca (atualmente no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro), a série Bíblica do MAS/SP e os afrescos da Capela da Nonna em Brodowski somam as obras sacras de caráter privado e público.
Em Batatais a Via Sacra mescla-se com a grande pintura do retábulo com o Cristo da Cana Verde e cenas da vida da Virgem com Cristo Menino. As pinturas apresentam-se com fundos abstratos e há um esforço de caracterizar as feições das figuras, diferente daquelas da Pampulha, mais expressionistas. As cores são em tons cortados, pastéis, acinzentados garantindo uma unidade já que esta encontra-se na iconografia já bem conhecida de todos os fiéis. Mesmo dispostas distantes uma das outras, pois assim deve ser, Portinari as uniu na coloração, traços e beleza plástica. Em 1954, Cândido Portinari (1903–1962) pintou um conjunto de quadros para as capelas laterais e a nave da Igreja Matriz do Bom Jesus da Cana Verde, onde foi batizado. Com grande empenho, acompanhou pessoalmente as obras para a instalação desses quadros, em nichos especialmente projetados para recebê-los. Após sua morte, o altar-mor foi reformado e as molduras originais substituídas por um nicho em cimento e granito. Em 1975, as telas tombadas foram restauradas pelo Condephaat.