Trabalho de conclusão de graduação
A construção dos limites das crianças com necessidades educacionais especiais
Autor
Andara, Celma Francisca
Resumen
O presente trabalho relata uma pesquisa realizada a partir do estágio supervisionado desenvolvido durante o curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância. O estudo teve por finalidade analisar a importância da construção de limites e regras sociais para as crianças, em especial os alunos com necessidades educacionais especiais, bem como analisar de que maneira ocorre o processo dessa construção e suas implicações para o desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos. Os sujeitos de pesquisa se constituíram nos alunos de uma turma de crianças que apresentam necessidades educacionais especiais. O espaço da pesquisa foi uma Escola Especial situada no município de Gravataí - RS. O estudo se configurou em uma pesquisa de cunho qualitativo, cujos instrumentos utilizados foram: a observação participante, a análise de documentos referentes ao estágio e aos dados sobre os alunos, e o diário de campo contendo os pontos principais que observei nesse período. A partir desses instrumentos, procurou-se refletir e analisar sobre situações vivenciadas em sala de aula, em que determinados alunos apresentavam dificuldades em respeitar normas e regras de boa convivência, demonstrando falta de limites. Consequentemente, tais comportamentos terminavam por interferir tanto em seus processos de aprendizagem, quanto no seu convívio social e familiar. O trabalho foi embasado nos estudos de Jean Piaget, a respeito do desenvolvimento moral da criança e dos estágios de desenvolvimento, e alguns pressupostos de Lev Vygotsky, como zona de desenvolvimento proximal e o papel de mediador do professor. Além destes, foram utilizadas as referências de estudiosos como La Taille, Buscaglia, Pedroso, Outeiral e Glat, dentre outros, que auxiliaram no entendimento, questionamento e reflexão acerca da importância e necessidade dos limites para o desenvolvimento das crianças. Observou-se, contudo, que existem poucos trabalhos acerca do tema estudado no que tange à criança com necessidades educacionais especiais, especialmente a que apresenta deficiência intelectual, cuja limitação na área cognitiva torna-se um fator que complexifica ainda mais o processo de construção de limites e regras. É de consenso entre todos os teóricos que o estabelecimento de limites inicialmente é constituído no meio familiar, tendo os pais como os primeiros educadores. Em seguida, essa construção tem sequência na escola, a partir do momento em que a criança começa a constituir novos grupos de convivência social. Nesse ponto, o papel do professor é fundamental, trabalhando em várias frentes: primeiramente, procurando conhecer verdadeiramente seu aluno e não criando expectativas sobre seu desempenho; procurando estudar sobre desenvolvimento infantil e sobre pessoas com deficiência, suas características, necessidades e potencialidades; no ambiente de sala de aula, aproveitar todas as situações que surgem para levar o aluno a refletir sobre sua conduta, das consequências de seus atos para a qualidade de suas interações e aceitação das pessoas, lembrando-o do que pode e o que não pode fazer, segundo as regras sociais. Além disso, é recomendável trabalhar pela via da ludicidade, como também proporcionar atividades em parceria entre os alunos, estimulando a boa convivência, mas ao mesmo tempo, a autonomia de cada um. É imprescindível, ainda, que nesta caminhada, a escola consiga estabelecer parcerias com as famílias, oportunizando encontros, palestras, propiciando maiores esclarecimentos junto a essas famílias quanto às possibilidades, necessidades e habilidades desses alunos. Desse modo, certamente os resultados serão melhores para todos os envolvidos neste processo.