Trabalho de conclusão de graduação
Análise de uma variante gênica do receptor de quimiocinas CCR5 em pacientes do Rio Grande do Sul com lúpus eritomatoso sistêmico
Autor
Schauren, Juliana da Silveira
Resumen
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que tem como características a inflamação em diversos órgãos e a formação de imunocomplexos. O CCR5 é um importante receptor de quimiocinas no processo inflamatório, e sua variante alélica mais conhecida, o CCR5Δ32, gera uma proteína truncada que não chega à superfície celular alterando a resposta destas células durante a inflamação. O objetivo deste estudo foi analisar a frequência alélica e genotípica do CCR5Δ32 em pacientes com LES do Rio Grande do Sul e verificar uma possível associação destas frequências com características clínicas e sintomatologia dos pacientes em questão. Para isto, foram analisados 354 pacientes com LES e 360 controles. Nossos dados não indicaram associação desta variante com a suscetibilidade ao LES, entretanto, uma importante associação entre o alelo e o desenvolvimento de nefrite lúpica foi observada em pacientes afro-descendentes. Além disso, observamos que a maioria dos pacientes que possuíam o CCR5Δ32 e apresentavam nefrite estavam classificados na classe mais severa, a classe IV. Afro-descendentes portadores do alelo variante apresentaram 36,57 vezes mais chance de desenvolver nefrite classe IV em comparação com afro-descendentes sem o alelo. A análise multivariada controlando para presença de anticorpos anti-DNA, hipertensão e idade no diagnóstico resultou em um risco relativo 4,05 vezes maior de um paciente com o alelo CCR5Δ32 desenvolver nefrite classe IV. Nossos dados indicam que o alelo CCR5Δ32 é um importante modificador no LES podendo ser considerado um fator de suscetibilidade à nefrite lúpica, e que em afro-descendentes, talvez devido a uma maior susceptibilidade genética já existente, este fator é mais evidente.