Dissertação
Avaliação da capilaroscopia periungueal em pacientes com esclerose sistêmica por diferentes métodos de magnificação óptica
Autor
Mazzotti, Nicolle Gollo
Resumen
Introdução: A esclerose sistêmica (ES) caracteriza-se pela fibrose nos tecidos e órgãos-alvo e pela disfunção da microvasculatura, a qual pode ser avaliadas pela capilaroscopia periungueal. A dermatoscopia é uma ferramenta útil e de fácil execução, utilizada para o diagnóstico de lesões cutâneas. Sugere-se que a avaliação do leito periungueal também possa ser feita através da dermatoscopia. O objetivo deste estudo é avaliar a acurácia da capilaroscopia através da dermatoscopia com luz polarizada sem imersão (DLP) e da dermatoscopia com luz não polarizada com imersão (DLNP) no diagnóstico das alterações características da ES, quando comparados com o método padrão ouro (capilaroscopia periungueal convencional com lupa estereoscópica - CPU). Pacientes e Método: Foram avaliados 45 pacientes com diagnóstico ou forte suspeita de ES consecutivos no ambulatório de Reumatologia do HCPA. Foram realizadas a CPU e fotografia do leito ungueal do quarto dedo da mão esquerda com os três aparelhos: CPU L, DLNP e DLP. As imagens foram posteriormente analisadas de forma aleatória por observador cegado. Resultados: Foi evidenciado padrão SD (esclerodermia) em 83% dos pacientes pelo exame capilaroscópico padrão ouro CPU. Na análise de acurácia dos métodos, a DLP e a DLNP apresentaram alta sensibilidade na avaliação de presença de deleção (96,4% e 100%, respectivamente), presença de hemorragias (96,2% e 92%) e no diagnóstico de padrão SD (91,9% e 94,6%), além de alta especificidade para presença de hemorragias e ectasias. A sensibilidade foi baixa somente para presença de ectasias (DLP 50% e DLNP 12,5%). O valor de Kappa intra-observador na avaliação do diagnóstico de Padrão SD realizada através da CPU por imagem, da DLNP e da DLP foram moderados para bons, com valores de kappa 0,71 (IC 95% 0,44 - 0,95), 0,60 (IC 95% 0,35 - 0,83) e 0,60 (IC 95% 0,32 - 0,86), respectivamente. A avaliação da presença de hemorragias apresentou índices altos de kappa para todos os métodos, 0,77 (IC 95% 0,57 - 0,95), 0,90 (IC 95% 0,76 - 1,00) e 0,95 (IC 95% 0,85 - 1,00), respectivamente. Na avaliação de presença de ectasias o exame pela DLNP apresentou resultado não significativo, com índice Kappa de 0,134 e p=0,25. A média do número de capilares nos 3 mm centrais da região peiungueal foi igual entre os métodos e a avaliação de Bland Altman evidenciou boa concordância entre os métodos. Conclusão: A dermatoscopia com luz polarizada e dermatoscopia com luz não polarizada são métodos confiáveis e com boa acurácia na avaliação da capilaroscopia periungueal. A avaliação da capilaroscopia por imagem através do método padrão ouro de lupa estereomicroscópica também apresentou boa confiabilidade.