Trabalho de conclusão de graduação
Assimetria, não-reversibilidade, controle dos sentidos : propriedades de um discurso autoritário
Autor
Cardoso, Gabriela Mattos
Resumen
O objetivo deste trabalho é discutir de que forma a tipologia de discurso (ORLANDI, 1983) - lúdico, polêmico e autoritário - se mostra no discurso do Governo do Estado para/sobre a escola. Para isso, analisamos uma entrevista da então Secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, para verificar se ocorre reversibilidade entre entrevistador e entrevistado bem como examinar as relações que são estabelecidas na interação entre estes sujeitos e a tentativa deles de controlar a polissemia do discurso. Observamos que o discurso analisado evoca autoridades, leis e especialistas para se legitimar e que esse discurso coloca ênfase, importância nos resultados a serem obtidos, ocultando o processo percorrido para tanto. A análise buscou mostrar o jogo, a tensão entre polissemia e paráfrase presentes no discurso da Secretária e de que forma o sujeito tenta dominar/controlar os sentidos. Concluímos que este é um discurso monofônico que tem seus sentidos controlados por um sujeito que não está presente na cena enunciativa, o Governo. Esse Governo funciona como um ventríloquo, que fala através do locutor do discurso, a Secretária de Educação. O interlocutor é a entrevistadora, transformada pelo sujeito desse discurso em mediadora de um destinatário. Já os destinatários do discurso, que também não estão presentes na cena enunciativa, ora são os professores, e o Governo vai ameaçar e cobrar resultados, ora é a sociedade, e o Governo vai fazer promessas e mostrar o que vem sendo feito.