Tese
Avaliação da qualidade de vida e fatores preditores de remissão de sintomas em pessoas com depressão maior acompanhadas através de um estudo longitudinal em um serviço de cuidados primários
Autor
Lima, Ana Flavia Barros da Silva
Resumen
Introdução: A associação entre qualidade de vida e depressão já está bem estabelecida na literatura. A presença de sintomas depressivos afeta todos domínios de qualidade de vida e quando comparada com outras condições clinicas é o que traz mais prejuízos para a vida dos sujeitos. Apesar da forte correlação entre estas duas medidas, ainda existem muitas dificuldades metodológicas para a definição do conceito de qualidade de vida, assim como para a confirmação se depressão e qualidade de vida são construtos distintos, ou semelhantes. Além da qualidade de vida, outro desfecho clínico relevante na avaliação destes indivíduos é a remissão dos sintomas depressivos. Os dados encontrados ainda demonstram resultados contraditórios não permitindo conclusões sobre o assunto. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a qualidade de vida bem como fatores preditores de remissão de sintomas depressivos em sujeitos com transtorno depressivo maior que foram acompanhados ao longo de um ano, provenientes de unidades de cuidados primários.Metodologia: Foram incluídos 179 sujeitos com transtorno depressivo maior atual. Foram realizadas visitas na entrada do estudo 6 semanas, 3 meses, 9 meses e 12 meses. Os principais instrumentos utilizados foram WHOQOL-BREF, SF-12, MHI5, CIDI, CES-D e Condições concorrentes. Foram realizados Teste qui-quadrado para comparações de variáveis categóricas, e Teste T-student, como ANOVA para variáveis contínuas. Para avaliação dos construtos de depressão e qualidade de vida utilizou-se análise fatorial exploratória através da análise de componentes principais. Um modelo de Regressão Linear Hierárquica foiproposto para análise da variável dependente qualidade de vida, assim como um modelo através de Regressão Logística Hierárquica para análise da variável dependente remissão de sintomas depressivos. Para avaliação do seguimento dos sujeitos ao longo de 9 meses foi utilizado a análise de Mixed model. Resultados: Esta tese originou quatro artigos. O primeiro artigo apresentou como resultado principal o impacto da depressão subsindrômica na qualidade de vida, sendo semelhante aos sujeitos com depressão maior. O segundo artigo sugeriu que qualidade de vida e depressão são construtos diferentes, apesar de estarem correlacionados. O terceiro artigo demonstrou que os pacientes acompanhados ao longo de 9 meses apresentaram pequenas mudanças nos escores de qualidade de vida aferidos por diversos instrumentos e que estas mudanças não ocorreram rapidamente. A maioria dos sujeitos persistiu com sintomas depressivos, não recebendo tratamento adequado para o trastorno depressivo maior. O quarto artigo demonstrou baixo índice de remissão dos sintomas depressivos ao final do estudo, assim como a presença de ansiedade com um preditor negativo de remissão de sintomas. Conclusões: Sujeitos com transtorno depressivo maior em cuidados primários de saúde não recebem tratamento adequado, adquirindo baixos índices de remissão como importantes prejuízos na qualidade de vida. Estes dados ressaltam a importância da detecção e do tratamento precoce do transtorno depressivo nessa população.Uma vez que há uma carência de recursos para o tratamento especializado no Brasil, é fundamental a implementação de medidas de treinamento entre os profissionais de cuidados primários para o reconhecimento e instituição de medidas terapêuticas eficazes para reduzir a morbidade causada pela depressão. Introduction: The association between quality of life and depression is already a well discussed topic in literature. The presence of depressive symptoms affects all dimensions of quality of life and, when compared to other clinic conditions, is the one that presents more impairments in the subjects’ lives. Although there is a strong correlation between these two measures, there are still many methodological difficulties to define the quality of life concept, as well as to confirm if depression and quality of life are distinctive constructs, or similar ones. Besides quality of life, another relevant outcome to evaluate these individuals is remission of depressive symptoms. The data found demonstrates contradictory results, not enabling any conclusions concerning this matter. Objective: The present study had as general objective to evaluate quality of life, as well as predicting factors of remission of depressive symptoms in subjects with major depressive disorder who were followed for a year. These subjects have been selected from primary care units. Methodology: There were included 179 subjects with major depressive disorder. There were follow-ups at the beginning of the study, 6 weeks later, 3 months later, 9 months later and 12 moths later. The main instruments used were WHOQOL-BREF, SF-12, MHI5, CIDI, CES-D, as well as co-comordid conditions. We performed Chi- Square Test, to compare categorical variables, and T-student Test, such as ANOVA, for continuous variables. To evaluate the depression and quality of life constructs, we used exploratory factor analysis by analyzing the principal components. A Hierarchic Linear Regression model has been proposed to analyze the dependent 14 variable “quality of life”, as well as a model through Hierarchic Logistic Regression to analyze the dependent “depressive symptoms’ remission”. To evaluate the subjects’ follow-up during 9 months the Mix Model Analysis was used. Results: This thesis originated four articles. The first one presented as main result the impact of subsyndromic depression in quality of life,wich was to major depression subjects. The second article suggested that quality of life and depression are different constructs, although correlated. The third article demonstrated that patients followed during 9 months presented small differences in quality of life scores measured by several instruments and that these changes did not happen quickly. Most of the subjects continued having depressive symptoms, and did not receive adequate treatment for major depressive disorder. The fourth article demonstrated low level of remission of depressive symptom at the end of the study, as well as the presence of anxiety as a negative predictor of symptoms’ remission. Conclusions: Subjects with major depressive disorder in primary health care do not receive proper treatment, thus they reach low levels of remission. This is very prejudicial to the subjects’ quality of life. The data presented here highlight the importance of detecting and treating depressive disorder in its early stage for this population. Since there is a lack of resources for specialized treatment in Brazil, it is fundamental to implement training policies among primary care professionals in order to recognize and provide effective therapeutic measures to reduce morbidity caused by depression.