Dissertação
Avaliação de microquimerismo por análise de microssatélites em pacientes submetidos à tranfusão sangüínea no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Autor
Mardini, Ana Carolina
Resumen
O microquimerismo vem sendo identificado em uma série de situações biológicas, sendo decorrentes de procedimentos clínicos ou condições fisiológicas. A transfusão sangüínea é um dos procedimentos que pode produzir a mistura de células do doador com as do receptor. Na transfusão sanguínea, o maior constituinte são as hemácias, logo a interferência microquimérica que pode ocorrer deve-se apenas aos leucócitosque são transfundidos do doador. A admistração rotineira de produtos derivados do sangue é a principal causa de doenças, aonde estes hemocomponente vindos de doadores alogênicos contém leucócitos capazes de sobreviver e se expandir. Os leucócitos presentes nas bolsas de concentrado de hemácias usados em transfusões sanguíneas podem causar a doença do enxerto versus hospedeiro, febre, transmissão viral e interferir na identificação genética do receptor. Este trabalho teve como objetivo avaliar, em um primeiro momento, o limite de detecção de microquimerismo, através de microssatélites (STRs), em amostras biológicas misturadas em proporções conhecidas e, posteriormente, verificar a presença e o tempo de duração de microquimerismo em pacientes submetidos à transfusão sangüínea no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A análise foi realizada a partir de amostras biológicas de três grupos: sete misturas de DNA extraídos antes desse estudo, cinco misturas de sangue e 20 pacientes submetidos à transfusão sangüínea. Todas essas amostras foram também genotipadas individualmente. A genotipagem foi realizada através de PCR seguido por eletroforese capilar, sendo amplificadas as seguintes regiões do genoma: D3S1358, D16S539, THO1, TPOX, CSF1PO, D7S820 e Amelogenina. Os resultados obtidos no grupo de mistura de amostras de DNA foi observada a presença de microquimerismo de 1:30 (ou 3,3%). No grupo de misturas de sangue, microquimerismo foi identificado até a proporção de 1:10 (ou 10%). Entretanto, não foi identificada a presença de microquimerismo em amostras coletadas nas primeiras 24 hs de pacientes submetidos à transfusão sangüínea. Esses resultados sugerem que a metodologia utilizada é sensível para identificar microquimerismo em misturas biológicas até o limite de 3,3%. Portanto, podemos concluir que o microquimerismo em pacientes transfundidos avaliados nesse estudo não atingiu o limite mínimo de detecção da metodologia empregada nesse trabalho. Microchimerism has been identified in a series of biologic situations, being due to clinical procedures or from physiological conditions. Blood transfusion is a procedure that can produce a mixture of donor and receptor cells. In blood transfusions, where red blood cells are the major component, microchimeric interference is due to donor leukocytes. Even blood cell components previously processed may contain a small portion of leukocytes. In some cases, the routine administration of blood-derived products may be the main cause of diseases9 because these hemocomponents from allogeneic donors contain leukocytes capable of surviving and expanding10. Leukocytes present in bags of red blood cell concentrates used in blood transfusions may cause graft-versus-host disease (GVHD), as well as fever and, viral transmission, and may interfere in the genetic identification of the recipient. This work aimed to evaluate, at first, detection limit of microchimerism, using microssatelites (short tandem repeats - STR), in mixed biological samples of controlled proportions and, later, to verify presence and duration of microchimerism in patients postblood transfusion in the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Analysis was performed in biological samples from three groups: DNA mixtures isolated previously to this study, blood mixtures and patients submitted to blood transfusion. All these samples were also analyzed individually. Allelic patterns were performed through PCR, using fluorescent primers, followed by capillary electrophoresis, with amplification of the following genome regions: D3S1358, D16S539, THO1, TPOX, CSF1PO, D7S820 and Amelogenin. These results in the group of DNA mixtures, microchimerism was observed up to 1:30 (or 3.3%). In the group of blood mixtures, microchimerism was identified up to 1:10 (or 10%). However, presence of microchimerism was not identified in samples collected up to 24 h from patients submitted to blood transfusion. These results suggest that the applied methodology is sensitive to identify microchimerism in biological mixtures up to the limit of 3.3%. Therefore, we can conclude that microchimerism in patients submitted to blood transfusion evaluated in this study did not reach the minimal detection limit for the methodology applied in this work.