Dissertação
Hipoperfusão oculta em pacientes em pós-operatório de cirurgia de grande porte
Author
Meregalli, André Felipe
Institutions
Abstract
Contexto: Nosso objetivo foi examinar se níveis seriados sangüíneos de lactato poderiam ser utilizados como preditores de desfecho. Métodos: Estudamos prospectivamente 44 pacientes cirúrgicos de alto risco, estáveis hemodinamicamente. Valores sangüíneos de lactato, pressão arterial média, freqüência cardíaca e débito urinário foram obtidos na admissão dos pacientes, 12, 24 e 48 horas após. Resultados: Os não-sobreviventes (n=7) tiveram níveis de lactato similares (3,1+2,3 mmol/l contra 2,2 +1,0 mmol/l, P= não significativo [NS]), mas tiveram níveis mais elevados após 12 horas (2,9 +1,7 mmol/l contra 1,6 + 0,9 mmol/l, P= 0,0012); após 24 horas (2,1 + 0,6 mmol/l contra 1,5 + 0,7 mmol/l, P= NS) e após 48 horas (2,7 + 1,8 mmol/l contra 1,9 + 1,4 mmol/l, P=NS) quando comparado com sobreviventes. A concentração arterial de bicarbonato aumentou significativamente nos sobreviventes e foi mais elevada do que nos não-sobreviventes após 24 horas (22,9 + 5,2 mEq/l contra 16,7 + 3,9 mEq/l, P=0,01) e após 48 horas (23,1+4,1 mEq/l contra 17,6±7,1 mEq/l, P= NS). A relação PaO2/FiO2 foi mais elevada inicialmente nos não-sobreviventes (334+121 mmHg contra 241+133 mmHg, P=0,03) e permaneceu elevada por 48 horas. Não houve diferenças significativas para pressão arterial média, freqüência cardíaca e oxigenação do sangue arterial entre sobreviventes e não-sobreviventes. As internações em UTI (40+42 horas contra 142+143 horas, P< 0,001) e hospitalar (12+11dias contra 24+17 dias, P=0,022) foram mais prolongadas para os não-sobreviventes do que para os sobreviventes. O Escore Fisiológico Agudo Simplificado II (Simplified Acute Physiology Score(SAPS) II) foi mais elevado entre os não-sobreviventes do que entre os sobreviventes (34+9 contra 25+14, P= NS). O débito urinário foi pouco menor entre os não-sobreviventes (P=NS). As áreas sob as curvas receiver operator characteristics foram maiores para o SAPS II e o lactato para predizer morte. Conclusão: Níveis elevados de lactato estão associados a uma maior taxa de mortalidade e de complicações pós-operatórias em pacientes cirúrgicos de alto risco, estáveis hemodinamicamente.