Tesis
Diversidade e estrutura da ictiofauna de Rios da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul
Autor
Araujo, Renato Morais
Institución
Resumen
TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. Conhecer a diversidade de espécies de uma região e como estas se estruturam é fundamental para a conservação de ecossistemas. A Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul é considerada uma região prioritária para a conservação biológica. Rios que nascem ali possuem águas cristalinas adequadas ao mergulho, oferecendo a possibilidade de realização de pesquisas ictiológicas através da observação visual. Este trabalho visou caracterizar a estrutura física e biológica de quatro rios da Serra da Bodoquena, bem como entender como está estruturada sua ictiofauna em duas escalas espaciais: entre rios, e entre os diferentes ambientes em cada rio. Utilizou-se a metodologia de censos visuais subaquáticos através de mergulho livre, realizados em diferentes ambientes dos Córregos Salobrinha e Azul (município de Bodoquena), Rio Sucuri (Bonito) e rio Olho d´Água (Jardim). Estruturalmente foram divididos entre aqueles que correm por entre vales e elevações, apresentam o curso sombreado e não possuem vegetação aquática (Salobrinha e Azul); e aqueles que correm em planícies sem elevações, com curso recebendo intensa radiação luminosa e com abundância de macrófitas aquáticas (Rios Sucuri e Olho d´Água). Rios diferentes apresentaram ictiofauna estruturada diferentemente. Não houve padrões claros de distribuição das espécies entre os rios, com algumas espécies apresentando dominância parecida nos quatro rios, outras sendo mais importantes em um ou alguns rios do que em outros, e diversas espécies não-ocorrendo em determinados rios. Barreiras biogeográficas podem ser responsáveis por algumas dessas distribuições ao passo que outras podem ser devidas a fatores relacionados ao nicho.
Dentro de um mesmo rio as espécies diferiram em sua dominância entre os hábitats. A riqueza média (número de espécies por unidade de área) não mostrou padrão consistente entre hábitats e nem com relação à complexidade estrutural. Caracídeos de pequeno porte dominaram a abundância em todos os rios, ao passo que espécies de grade porte dominaram a biomassa, e estas espécies tenderam a se segregar em hábitats distintos. De forma geral espécies de grande porte associaram-se aos ambientes de Poço, pastadores
v
bentônicos associaram-se a ambientes rochosos e alguns caracídeos e ciclídeos a ambientes com vegetação. O Rio Olho d´Água aparentemente foi mais rico, e tal padrão foi discutido como um resultado de seu menor isolamento biogeográfico, e também pela grande abundância de algumas espécies (efeito de amostragem). Este rio também possuiu maior abundância. A biomassa, por sua vez, não diferiu significativamente entre rios. Também a estruturação trófica foi similar entre rios, variando de acordo com o descritor analisado. Herbívoros/detritívoros, onívoros e invertívoros apresentaram representatividade semelhante com relação à riqueza, ao passo que os onívoros dominaram a abundância (especialmente lambaris, com pequeno tamanho corporal) e os herbívoros/detritívoros dominaram a biomassa (especialmente aqueles de grande tamanho corporal, como a piraputanga, Brycon hilarii, e o curimbatá, Prochilodus lineatus). É proposto que perifíton e frutos da mata ripária devem representar as principais fontes energéticas para a ictiofauna dos rios estudados.