Tesis
Convívio entre saguis e pessoas: Experiências no parque ecológico do córrego grande e entorno, Florianópolis - SC
Autor
Nakamura, Elaine Mitie
Institución
Resumen
TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. Esta pesquisa objetiva avaliar a situação da convivência de saguis (sobretudo Callithrix penicillata,
sagui-do-tufo-preto) e pessoas no contexto do Parque Ecológico do Córrego Grande
(PECG) e arredores (Florianópolis, SC), e retratar percepções e atitudes de frequentadores e
moradores em relação a eles. Callithrix, por serem pequenos, não são fonte alimentar para
pessoas, mas são procurados como mascotes. Saguis vivem em grupos familiares estendidos
de até 15 indivíduos, são territorialistas, e despendem grande parte do dia em atividades relacionadas
à alimentação - são insetívoros e frugívoros, e podem privilegiar o consumo de goma;
geram gêmeos por gestação e a criação é feita cooperativamente. Não é exata a causa e época
da chegada deles em Florianópolis; acredita-se que seja por sua soltura indevida, resultado do
transporte deliberado ou acidental de animais. Há controvérsias se saguis são potenciais invasores.
Para evitar a introdução ilegal de espécies que podem desarmonizar ecossistemas locais
e interferir em espécies nativas, são necessárias atividades de educação em toda sociedade e,
em geral, projetos de pesquisa e conservação demandam a condução de conversas e entrevistas,
análise e interpretação de dados coletados a partir de relações interpessoais. Em trabalhos
etnobiológicos novos olhares e temáticas vêm surgindo pelo interesse em diferentes contextos
urbanos, como é o caso deste trabalho. Realizaram-se 62 entrevistas com moradores, 84 com
visitantes e 11 com funcionários. Demonstrou-se muito interesse dos participantes no trabalho,
pela falta de informações básicas sobre os saguis e na projeção dos resultados. Os saguis estão
presentes no cotidiano de grande parte dos entrevistados (83%: visitantes, 92%: moradores) e
todos os funcionários avistam os animais com frequência; apesar da receptividade, houve forte
relutância em conversar sobre pontos mais polêmicos, como o incômodo causado pelos animais
e a prática de alimentação artificial, que é feita por 13% dos moradores e 7% dos frequentadores
(n=95). Percebeu-se que a falta de informação adequada sobre os saguis gera
“mitos” entre as pessoas envolvidas no contexto do Parque Ecológico do Córrego Grande, como
a predação excessiva de ovos de aves, a pouca diversidade de itens alimentares e também
quanto à origem dos animais na região. O trabalho procurou trazer a articulação das partes
envolvidas (saguis e pessoas), trazendo à tona algumas consequências biológicas desse convívio,
que também implicam em consequências sociais, pois há uma relação estabelecida entre o
público e os saguis, tanto boa quanto ruim. Há que se dedicar atenção, através de um programa