Tesis
Análise do sistema produtivo de vinhos finos de altitude em São Joaquim, Santa Catarina
Autor
Zapelini, Gustavo Campos
Institución
Resumen
TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Sócio-Econômico. Economia. A vitivinicultura no Brasil é tradicionalmente executada na Serra gaúcha, por descendentes de
italianos. Na Serra catarinense, isso se deu de forma diferente: São Joaquim recentemente se
inseriu nesta atividade, apesar da região não ter nenhuma tradição nesse âmbito. A condução
de experimentos realizados pela EPAGRI desde 1991, demonstrara o potencial edafoclimático
da região para o que veio a ser chamado de vinhos finos de altitude. A relevância econômica
que a atividade pode representar para a cidade São Joaquim é o objetivo do presente estudo, já
que a principal atividade econômica do município é a produção de maçãs, que vem
apresentando declínio devido à forte concorrência argentina. Para tanto, utilizou-se a
fundamentação teórica as teorias de Cadeias Produtivas Agroindustriais, para uma análise
satisfatória da realidade joaquinense. Também, foram consultados produtores, estudiosos e
demais entidades ligadas à atividade em São Joaquim, o que possibilitou a identificação das
potencialidades, vantagens, limites e perspectivas do setor na região. Marcadamente, tem–se
que o consumo per capita crescente apesar de baixo, a falta de cultura enológica e o
fortalecimento do produto dentro do mercado do vinho, seja doméstico como no exterior, são
características que se põem como desafios ao produto joaquinense. Entretanto, a região tem se
mostrado capaz de produzir vinhos finos dentro dos mais altos padrões de qualidade e
tecnologia, apesar de a cadeia produtiva estar em fase inicial, identificando suas necessidades
e agentes econômicos necessários a seu pleno funcionamento, para assim desenvolver a
atividade vitivinícola com mais intensidade. O que se observa atualmente é a iniciativa de
grandes grupos que têm se instalado e vão estruturando alguns projetos-piloto, a fim de
dimensionarem seu grau de atuação. Nisso, a produção vinícola tem uso intensivo de mão-deobra,
que por sua vez necessita de especialização, mas aventa a possibilidade de realizar
grandes retornos financeiros nesta atividade de longo prazo. Os limites identificados por este
trabalho passam pela falta de capital humano especializado, o alto custo de implantação do
vinhedo, a falta de coordenação entre os agentes econômicos na cadeia, a concorrência
estrangeira, a alta incidência tributária e o desconhecimento do público consumidor em geral
da qualidade do produto. Em contraponto, são identificados avanços como o reconhecimento
da alta qualidade dos produtos por diversas entidades ligadas à atividade, o aumento de
investimentos pelo empresariado, o apoio governamental à atividade, a busca por um selo de
denominação de origem e procedência, o enoturismo, gerador emprego e renda, o terroir que
apresenta potencial para um vinho de nível mundial, a organização de atividades de marketing
para divulgar o produto, bem como o interesse do setor em organizar a atividade para
consolidá-la. Em perspectiva, a vitivinicultura em São Joaquim traz um leque de opções para
o setor produtivo que, se devidamente apoiadas pelo setor público, podem levar à
sustentabilidade de que a atividade necessita.