dc.description | As Finanças Comportamentais ganharam notoriedade depois da metade do século XX
principalmente por complementar alguns vazios da já consolidada Teoria Neoclássica de
Finanças (Finanças Modernas). Isto foi possível com o auxílio da psicologia no estudo dos
agentes econômicos no que se refere à tomada de decisão sob risco. A presente pesquisa tem
por base a tomada de decisão sob risco envolvendo escolhas financeiras. A busca por ganhos
no mercado de ativos faz as pessoas manterem por um longo período os ativos que
apresentam preço inferior ao de compra, na expectativa que este retorne a patamares
superiores, e a venderem rapidamente ativos que estão acima do preço de compra. Este
comportamento é denominado na literatura de efeito disposição, advindo da Teoria do
Prospecto, a qual enfatiza que as pessoas estão mais propensas ao risco em situações de perda
e avessas ao risco em situações de ganho. Muitas pesquisas encontraram o efeito disposição
em investidores individuais, mas sabe-se que a maioria das escolhas de investimento são
efetuadas por instituições como bancos e fundos de investimento, onde dois ou mais
indivíduos tomam as decisões. Assim, a tomada de decisão dos grupos adquire um caráter
preponderante nesta pesquisa tendo em vista a existência ou não do efeito disposição em suas
escolhas. Busca-se, nesse sentido, verificar se a tomada de decisão sob risco em termos
individuais difere das decisões tomadas em grupo. Através de um software open-source
chamado ExpEcon foi possível a realização de vários experimentos controlados com
graduandos dos cursos de Economia e Contabilidade. A hipótese adotada foi a de que em
grupo o efeito disposição deve ser menor em virtude da capacidade dos grupos em trocar
experiências e avaliar de maneira mais racional as decisões, reduzindo-se os riscos e logo o
efeito disposição. Nossos resultados, no entanto, indicam que os grupos tomam decisões mais
arriscadas e logo apresentam o efeito disposição, sendo este com grau mais elevado em
relação aos participantes individuais. Além disso, integrantes dos grupos com algum grau de
amizade apresentaram atitudes mais arriscadas e maior efeito disposição quando comparados
aos participantes dos grupos que não se conheciam, ao menos num dos pontos de referência
calculados. | |