Tesis
Tristeza e depressão
Autor
Freitas, Fernanda Lazzari
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva A palavra depressão ou "estar deprimido" hoje faz parte do vocabulário
popular. Temos acompanhado um crescente aumento de situações
diagnosticadas como depressão e do consumo de medicamentos
antidepressivos. Situações de tristeza que anteriormente eram tidas como parte da vida hoje são classificadas como depressão e muitas vezes medicadas. Um corte importante desta mudança foi a emergência, a partir de 1980, do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, 3a edição ou DSM III, que propõe uma abordagem descritiva dos indivíduos através dos seus sintomas. Nesse contexto, se inseriu o objetivo principal desta pesquisa que é analisar o discurso dos psiquiatras que atuam em um município de Santa Catarina sobre o diagnóstico e tratamento das situações de sofrimento psíquico: tristeza e depressão. Para isso, foram realizadas entrevistas estruturadas com os psiquiatras que atuam nos Núcleos de Apoio a Saúde da Família(NASFs) no município de Florianópolis. A análise dos dados resultou em três eixos temáticos: "A perda do contexto na distinção entre tristeza e depressão", "A classificação por sintomas" e "O que os psiquiatras conseguem oferecer". Observamos que apesar de reconhecerem diferença entre as situações de tristeza e depressão, na prática esta distinção é realizada com base nos sintomas. Como os sintomas são semelhantes nos casos de tristeza e depressão o limite entre o normal e o patológico não é estabelecido gerando a medicalização de casos de tristeza normal. E esta medicalização de situações que fazem parte da vida gera consequências que são a estigmatização dos indivíduos e tratamentos inadequados. Além disto o que os psiquiatras conseguem e sabem oferecer aqueles que lhes procuram é o
medicamento. A atuação dos psiquiatras entrevistados é principalmente
na redução dos sintomas através do medicamento. A intervenção
terapêutica passa a ser definida em função da tradução do sintoma em
sinal de doença, e não de sua relação com as singularidades do sujeito.
Apesar de terem uma especialização em psiquiatria o que estes profissionais conseguem ofertar são medicamentos direcionados ao perfil de sintomas daqueles que lhes procuram. E como desfecho acompanhamos a crescente procura de interpretação e prescrição médica das situações consideradas como parte dos problemas da vida