Tesis
Relações entre complexidade de habitat e comunidade de peixes de costão rochoso
Autor
Silveira, Marcelo
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2010 Uma das causas atribuídas à reconhecida diversidade dos peixes recifais é a complexidade estrutural do ambiente em que vivem. Assim, diversas variáveis de complexidade de habitat têm sido propostas para caracterizar a complexidade estrutural dos recifes, bem como diferentes metodologias para acessá-las. Entretanto a maioria das proposições aconteceu em recifes de corais, existindo ainda muitas dúvidas sobre a diferença da funcionalidade da complexidade de habitat entre recifes rochosos e coralíneos. Nesse contexto o presente estudo (1) abordou a complexidade de habitat em costões rochosos com uma perspectiva sobre metodologias (quantitativas e qualitativas) utilizadas para acessá-la e quantificá-la nesses ambientes; (2) testou o potencial de três diferentes variáveis de complexidade de habitat (rugosidade, número e tamanho de tocas) em explicar variações de densidade, biomassa e riqueza de espécies de peixes de costão rochoso; e (3) avaliou o potencial da variável ambiental profundidade em explicar variações de densidade e riqueza de espécies em diferentes localidades da costa brasileira dispostas em gradiente latitudinal. Constatamos que atenção especial deve ser dada na aplicação em recifes rochosos de metodologias de avaliação da complexidade do habitat de recife de corais. Recomendamos a utilização de estimativas visuais (metodologia qualitativa) para tais avaliações em recifes rochosos, as quais mostraram ser apropriadas por agregarem feições distintas da heterogeneidade do habitat. A variável número de tocas foi a que se relacionou mais fortemente com os parâmetros de comunidade estudados, mostrando sua importância na complexidade estrutural de recifes rochosos. Relações entre peixe e habitat escalas dependentes tamanho dos peixes vs. diâmetro das tocas evidenciaram a importância de estudos que contemplem a escala de complexidade de habitat adequada para que seja possível reconhecer sua funcionalidade em comunidades e/ou populações. Por outro lado, o índice de rugosidade, amplamente empregado em recifes de corais, deve ser utilizado com cautela, e de preferência como variável complementar ou secundária em estudos de comunidade de peixes de costão rochoso. A densidade de grupos tróficos que vivem mais associados ao substrato apresentou correlações mais fortes com as variáveis de complexidade de habitat, mostrando a importância de análises particionadas em grupos tróficos dentro das comunidades. A variável ambiental profundidade não foi suficiente para explicar a distribuição vertical de densidade dos peixes ao longo da costa brasileira, o que pode ter sido fruto da pequena variação de
profundidade analisada. Mesmo que se tenham encontrado algumas correlações entre populações de peixes e profundidade, os dados foram insuficientes para conclusões mais definitivas. Embora grande parte dos peixes recifais seja versátil e possua distribuição ampla no recife, alguns são restritos a determinado estrato de profundidade, o que pode ser usado para caracterizar esses habitats. Habitat structure is recognized as one of the main factors driving the great diversity of reef fishes found today. Several components of habitat complexity as well as different methodologies to access them have been proposed to characterize such structure. However, most studies have been developed over coral reefs and there is still doubt whether the observed patterns can be extended to rocky reefs. In the present study I (1) evaluated two types (quantitative and qualitative) of methodologies to access the habitat complexity on rocky reefs; (2) tested whether three habitat complexity components (rugosity, number and size of holes) explain density, biomass and richness of rocky reef fish; (3) evaluated depth distributional patterns of density and richness of rocky reef fish through a latitudinal gradient in the Brazilian province. Careful must be taken when applying coral-reef-habitat-complexity methodologies to rocky reefs. We recommend visual estimative (qualitative) on rocky reefs as they unite different facets of habitat heterogeneity at once. Within habitat complexity components, number of holes was the most related to biological factors herein evaluated. Size classes of fish was related to diameter of holes and it illustrates the importance of scale when evaluating the efficiency of habitat complexity to explain community/population distributional patterns. On the other hand caution must be taken with the rugosity index, which is largely used on coral reefs, and should be used as a complementary measure of habitat complexity on rocky reef fish community studies. The density of those trophic groups that live more associated with the substratum correlated strongly with components of habitat studied, showing the importance of partitioned analysis in trophic groups within communities. Depth itself could not explain the vertical distribution of fish density along the Brazilian coast, perhaps due to the small scale here analyzed (until 15m of depth). Although there are correlations between fish populations and depth, data are insufficient to enable more definitive conclusions to be drawn. Most reef fishes are versatile and distributed widely over the reef, however, some are restricted to a given depth stratum and, hence, may be used to characterize those habitats.