Tesis
Comportamentos afiliativos em vacas leiteiras a pasto, o papel da lambida
Autor
Machado, Thiago Mombach Pinheiro
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2009. O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos comportamentos sócio-positivos afiliativos, em especial lambidas, em vacas leiteiras criadas em Pastoreio Racional Voisin. A quantidade, distribuição temporal, influência da hierarquia social e da prenhez, e sincronismo das lambidas com outros comportamentos foram aspectos investigados. Para tanto, utilizaram-se seis rebanhos com média de 24,66±4,8 vacas da raça Jersey. Os animais foram observados por seis dias em períodos de sete horas, entre as ordenhas da manhã e da tarde, a partir do momento que entravam em um novo piquete. A cada seis minutos eram registrados os comportamentos de todos os animais como instantâneos. As lambidas e as interações agonísticas foram anotadas como eventos, toda vez que ocorriam. Foram elaboradas matrizes sociométricas para cada rebanho e dados individuais de estado gestacional, escore corporal, ordem de lactação e escore clínico foram prospectados para cada animal. A porcentagem de vacas que executaram e receberam lambidas foi próxima de 100%, sem diferença entre rebanhos (p=0,05). No período observado, em média cinco vacas foram lambidas por cada executora, e o mesmo número de vacas lamberam cada receptora. O número de lambidas executadas e recebidas por vaca nas 42 horas observadas diferiu entre os rebanhos (p<0,05) e foi próximo de 7,5. Os eventos de lambidas concentraram-se no horário entre 9:00 h e 11:00 h (p<0,05), coincidindo com os horários de maior freqüência de pastoreio (p<0,05). Não houve correlação entre executar lambidas e receber lambidas (p>0,05), exceto em uma propriedade. Também não houve correlação (p>0,05) entre executar lambidas e instigar interações agonísticas ou entre executar lambidas e ser vítima de interações agonísticas. Da mesma forma, não houve correlação entre receber lambidas e instigar interações agonísticas ou entre receber lambidas e ser vítima de interações agonísticas. Vacas subordinadas executam e recebem menos lambidas que as intermediárias e dominantes (p<0,05). Vacas prenhes executam e recebem mais lambidas que as vazias (p<0,05). Houve uma alta correlação, positiva e significativa (p<0,001), entre o número de interações agonísticas da vaca dominante e de seu respectivo rebanho. As lambidas são interações táteis de ocorrência generalizada em bovinos, que foram conservadas evolutivamente pelas associações entre os animais. São comportamentos inatos cuja causa parece estar relacionada à liberação intra-cerebral de opióides endógenos e cuja função pode estar relacionada à coesão social. Vacas lambem mais durante ciclos de pastoreio, que são momentos de vulnerabilidade predatória. Quanto maior o rebanho, menor o número de lambidas, correlação condizente com a maior probabilidade de predação em grupos menores. O comportamento de lambida não tem relação clara com a hierarquia social e não parece funcionar como instrumento de redução de conflitos. Vacas dominantes agressivas podem predizer rebanhos agressivos.