dc.description | A fonte de toda nossa pesquisa se estabeleceu a partir de uma afirmação de um autor do século XIX, Maxime Du Camp, amigo de Flaubert e membro da Academia Francesa de Letras, que se encontra no ensaio de Walter Benjamin, "Paris do Segundo Império em Baudelaire": "Para um escritor, Baudelaire tinha um grande defeito do qual ele mesmo não suspeitava: sua ignorância." O choque provocado pela palavra de origem latina em relação à importância da obra do poeta parisiense - levando-se igualmente em consideração seu perfil sintético - e a premissa de aceitar essa falta de conhecimento sugeriu a empreitada de aventurarmo-nos em uma brecha deixada pelo pensador alemão, a partir da obra de dois poetas bem distintos, o brasileiro Carlos Drummond de Andrade e o francês Charles Baudelaire. Essa pesquisa tem parte de sua relevância na própria importância do estudo de Benjamin. Para tanto, os poemas em verso de Drummond e grande parte da obra de Baudelaire tiveram o papel de alicerce em toda nossa dissertação. Os dois Carlos permitem questionar - com extrema cautela e reflexão - a onipotência do fazer intelectivo na poesia moderna, encontrando-se ambos em uma situação de dilaceramento entre uma extrema sensibilidade poética e uma implacável inteligência, cuja liberdade é afirmada com grande custo pessoal. Assim, no limiar entre conhecimento e ignorância, razão e inspiração, criatividade e imaginação, intuição e Saber, "falência do intelecto" e "festa do intelecto", procurou-se construir interrogações pertinentes no intuito de ponderar o peso da razão no fazer poético, chegando à essência de nosso questionamento:
Qual seria o peso/valor do conhecimento na criação poética? | |