Tesis
A práxis na formação do enfermeiro
Autor
Koeche, Denise Krieger
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Trata-se de um estudo descritivo desenvolvido com um grupo de enfermeiras envolvidas com o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) de um Curso de Graduação em Enfermagem. Tem como objetivo compreender o significado do Estágio na formação do enfermeiro buscando identificar as relações estabelecidas entre mundo do trabalho e mundo da escola através do olhar de enfermeiros docentes e dos serviços com base na reflexão coletiva, na discussão dos propósitos do estágio, e na interpretação da sua contribuição à luz do referencial teórico da Filosofia da Práxis (VÁZQUEZ, 1986). Esse referencial em sintonia com fundamentos da educação libertadora (FREIRE,1980) norteou o processo reflexivo deste estudo. A metodologia está baseada na abordagem qualitativa em que o Grupo Focal foi utilizado como técnica de coleta de dados conforme sugerem Leopardi, Beck e Gonzales (2001), Tanaka e Melo (2001) e Minayo (2000). Foram realizadas seis sessões grupais das quais participaram 17 enfermeiras entre docentes e dos serviços. As discussões foram guiadas por temas problematizadores. Estes serviram também de esquema inicial das categorias de análise que emanaram da análise temática (MINAYO, 2000) utilizada no tratamento do material coletado. Foram identificadas quatro categorias temáticas denominadas "o ECS como atividade prática", "o ECS como exercício de autonomia", "O ECS como práxis" e "o ECS como possibilidade de integração ensino-serviço". Na primeira categoria foram estabelecidos dois indicadores; o estágio como propiciador do aprimoramento para a prática profissional em que competências técnicas e políticas são ressignificadas e interações complexas ganham visibilidade no confronto com a prática profissional. No segundo indicador, o estágio é visto como uma prática reflexiva-crítica sendo a autonomia do aluno potencializadora da aprendizagem significativa crítica e propulsora de mudanças na prática. A autonomia foi significada a partir da concepção inicial de ECS como espaço/tempo de desenvolver autonomia evoluindo para a compreensão de que o aluno precisa exercitá-la, uma vez que sua construção se dá em processo ao longo da formação. Nesse processo de construção da autonomia, ficou evidente nas discussões do grupo, a necessidade de refletir constantemente a acerca de sua práxis tendo em vista a noção de autonomia/dependência, autoridade/liberdade. O ECS como práxis foi significado a partir da integração teórico-prática que é possibilitada no confronto com a realidade quando docentes e enfermeiros dos serviços, a partir do reconhecimento de seus papéis, conseguem significá-la com os alunos num processo de ação-reflexão-ação, ou seja, com a práxis criativa-reflexiva, que, por sua vez é potencializadora de uma práxis profissional transformadora. A integração ensino-serviço mediada no ECS é efetivada quando alunos, professores e enfermeiros se integram e se reconhecem como sujeitos ativos na construção dessa integração valorizando as correlações teórico-práticas, a intersubjetividade das relações e o compartilhar de objetivos a serem alcançados. O estudo aponta que a compreensão do que é o ECS e os seus propósitos precisa ser de domínio de todos os sujeitos envolvidos no processo incluindo alunos, profissionais dos campos de estágio, professores, gestores e usuários dos serviços afim de que entre mundo da escola e mundo do trabalho ocorra efetiva integração.