dc.description | O estudo da adaptação estratégica de empresas por meio da análise de suas mudanças estratégicas é particularmente relevante quando se consideram empresas de pequeno porte adaptando-se a ambientes turbulentos e com forte influência governamental, como é o caso das pequenas construtoras de edificações no Brasil. O processo adaptativo dessas empresas não consegue ser suficientemente explicado pelas perspectivas teóricas existentes na literatura, devido à falta de precisão e à desconsideração de fatores relevantes percebidos pelos envolvidos. Nesse trabalho, buscou-se compreender como as pequenas construtoras de edificações se adaptam a um ambiente turbulento e com forte influência governamental, a partir do significado que seus dirigentes atribuem às suas experiências. Construiu-se uma teoria substantiva do processo adaptativo, utilizando os procedimentos metodológicos da Grounded Theory, em um estudo de caso simples, longitudinal, de caráter qualitativo e de cunho descritivo. Resgatou-se a história da empresa nos últimos 20 anos, conforme percebida pelos seus dirigentes. Os dados revelaram que, ao adaptarem estrategicamente a empresa, seus dirigentes administravam o risco imposto à empresa pelo ambiente. A administração do risco era influenciada por fatores externos, como a postura de credores e clientes perante o risco de participarem nas transações imobiliárias, e fatores internos, como o contexto estrutural da empresa. Administrar o risco, para os dirigentes, envolvia a utilização de mecanismos estratégicos que o transferiam para o ambiente ou tornavam a empresa capaz manejá-lo. O contraste dos resultados encontrado com a literatura sobre adaptação estratégica sugere, principalmente, que: a forma como o risco é distribuído entre os envolvidos deve ser considerado como indicador da atratividade ambiental; os "ativos sociais" são fontes de vantagem competitiva, cuja importância é inversamente proporcional à importância da marca da empresa e da orientação para o mercado; o baixo nível de agência da empresa é influenciado pela sua incapacidade de usar os "ativos sociais" de forma não-rival; e a associação do baixo poder de influenciar o ambiente com o alto determinismo ambiental reduziu a importância da intencionalidade gerencial no sucesso da empresa, indicando que mecanismos de seleção ambiental operam em detrimento da adaptação. Espera-se que os resultados encontrados contribuam para aumentar o conhecimento sobre a gestão das pequenas empresas brasileiras, principalmente as pequenas construtoras, e para gerar reflexões acerca do ensino da Administração Estratégica no contexto brasileiro. | |