Tesis
O sistema temporal do português brasileiro
Autor
Silvério, Sandra Mara
Institución
Resumen
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Esta pesquisa, que investiga a interpretação temporal, desenvolve-se na interface entre sintaxe e semântica. Seu domínio empírico considera sentenças com formas verbais (e sua morfologia flexional) em português brasileiro (PB) e outras línguas românicas e germânicas, como o italiano e o inglês. Como aparato teórico, usamos a semântica formal, mais especificamente a proposta de Giorgi & Pianesi (1997) que tem eventos como um primitivo (cf. Parsons 1990): os tempos estabelecem relações entre eventos que correspondem às entidades reichenbachianas. Cada tempo é, nesse contexto, o resultado da composição de uma relação R/E com uma relação R/S, conforme a revisão da teoria de Reichenbach (1947) proposta por Hornstein (1993). Utilizando uma teoria merotopológica (cf. Giorgi & Pianesi: 1997), mostramos por que o presente simples não denota, na maioria das vezes, a interpretação de presente "real"; tal interpretação é obtida com a morfologia do progressivo presente. No caso do pretérito perfeito, ao qual freqüentemente se atribui ambigüidade entre a interpretação de passado simples e a correspondente ao passado composto de outras línguas românicas, mostramos que é possível defender uma única estrutura temporal reichenbachiana, uma vez que a interpretação de passado composto só está disponível mediante modificação adverbial. Sintaticamente, a pesquisa segue a teoria da gramática gerativa. Utilizando o arcabouço teórico do Programa minimalista (Chomsky 1995), TP é dividido em dois núcleos distintos, onde os morfemas tempo-aspectuais recuperam as relações semânticas estabelecidas em cada tempo verbal: T1, para relação R/S; T2, para a relação E/R. Assim, a distribuição sintática do tempo recebeu um tratamento que acaba considerando também sua interpretação.