| dc.description | O estudo levanta as possibilidades de significação implícitas no cotidiano das grandes cidades, através das referências da literatura moderna: a valorização do psicológico, a ambigüidade dos personagens, o paradoxo das situações, a estranheza dos lugares - percebidos através de uma nova concepção do "real". Também traz considerações sobre a condição humana contemporânea no mundo da globalização, tratando a literatura como um discurso capaz de propiciar uma linha de fuga aos cânones instituídos pela ideologia neoliberal do capital. Cuida depois das relações cidade e literatura, demonstrando que a última, enquanto produto da primeira, apresenta as condições necessárias para uma re-novação das relações no contexto urbano, através de um discurso que, ao provocar no leitor surpresa e estranhamento, pode resignificar seus processos subjetivos, levando-o a mudanças, inclusive, na sua relação com o diferente. Por sua vez, a quebra dos paradigmas habituais relativos à alteridade, é que permite novas possibilidades de construção do imaginário social, pela emersão de imagens e conteúdos renovadores da vida psíquica coletiva. É através da análise da escritura da escritora brasileira Clarice Lispector, aclamada nacional e internacionalmente por sua desobediência estilística, que este estudo quis mostrar a migração da produção de sentidos na vida cotidiana: ao escolher a obra A hora da estrela ficam evidenciados os pressupostos deste estudo, pela mobilidade e polissemia apresentada por esse texto literário, fluindo na persistente inter-relação entre personagem (Macabéa), narrador (Rodrigo S.M.) e a escritora (Clarice Lispector). Dessa forma é que se quis promover a interdisciplinaridade da Psicologia com a Literatura, como campo de conhecimento possível na observação e análise do tema das complexas relações que circulam pelas cidades do mundo contemporâneo. | |
