dc.description | O objetivo do presente trabalho é investigar a complexa teia de “identidades” ligadas ao saxofone no Brasil, desde sua introdução em 1854 até a década de 1920. Em meio a sua atuação em salas de concerto, bandas de música, rodas de choro e posteriormente nas jazz-bands, fixaram-se diversos papéis simbólicos ao instrumento, fazendo do saxofone protagonista de uma trama de discursos conflitantes. Os primeiros registros da inclusão do saxofone na instrumentação de bandas civis e militares, do comércio em lojas de instrumentos musicais e licitações, bem como de solos e duetos em concertos e intervalos de espetáculos teatrais nos principais centros urbanos da segunda metade do século XIX, constituem um ponto de partida para a composição de uma etnografia da trajetória do instrumento na conjuntura histórico-cultural brasileira deste período de transição entre a belle époche e a modernidade. Através de um diálogo entre fontes primárias (periódicos do século XIX, Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, manuais didáticos e partituras), etnografias históricas (ARAGÃO, 2013; BASTOS, 2005) e trabalhos acadêmicos dedicados ao instrumento (VELLOSO, 2006; RICE, 2009) a pesquisa busca provocar reflexões sobre a forma como a produção acadêmica brasileira tem adequado a história do instrumento para legitimar certos papéis emblemáticos predominantes na atualidade, limitando nossa compreensão do saxofone enquanto símbolo cultural múltiplo e dinâmico, gerando lacunas e distorções nas áreas histórica, pedagógica e interpretativa. | pt-BR |