dc.creatorem Revista, Psicanálise e Barroco
dc.date2018-03-17
dc.date.accessioned2023-06-16T20:51:40Z
dc.date.available2023-06-16T20:51:40Z
dc.identifierhttp://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/7261
dc.identifier.urihttps://repositorioslatinoamericanos.uchile.cl/handle/2250/6688920
dc.descriptionApresentamos o segundo volume da décima quinta edição de Psicanálise & Barroco em Revista, convidando nossos leitores a apreciar os novos artigos que nela se encontram.Começamos pelo texto de Joana Souza que em “O traço como fundamento da memória social” realiza uma subversão na concepção tradicional acerca da memória, e evidencia que conforme Freud e Lacan ensinam é impossível separar interno e externo, subjetivo e social, pois, essas dimensões mantêm uma relação não de oposição, mas de continuidade. Assim, os traços que regem uma cultura expressam inscrições internalizadas pelo sujeito, e são rememorados, esquecidos, e retornam nos atos, nos ritos e celebrações que conservam e ao mesmo tempo possibilitam a recriação de novos sentidos. Nessa visada, que é prenhe de consequências, a memória longe de ser um arquivo morto, é viva, atuante, sempre aberta a novas organizações, tendo portando um caráter inventivo e criacionista.Falando em memória e transmissão, o mito grego de Antígona, escrito por Sófocles, é muito caro à psicanálise, já que ela foi capaz de transgredir as leis da polis para levar o mais longe possível o seu desejo. No texto “Uma Antígona Brasileira: A construção da memória de Eunice Paiva e da sua atuação em defesa da dignidade humana para além da lei”, Mariana Rodrigues Festucci Ferreira constrói as memórias de Eunice Paiva em articulação com a tragédia de Antígona. Eunice teve o marido extraído de seu convívio por agentes da ditadura militar no ano de 1971, tendo tido indicações de que ele havia sido assassinado. Reivindicou o reconhecimento de sua morte e a revelação de onde o corpo estaria enterrado para que lhe pudesse prestar as honrarias fúnebres. Indo para além da dimensão pessoal da tragédia, Eunice passou a militar pelos direitos civis dos desaparecidos e familiares de todo o Brasil. E, como advogada atuou contra a violência e expropriação indevidas de terras sofridas pela população indígena. O artigo evidencia que sustentar o desejo, indo além do Outro é um ato com efeitos não apenas singulares, mas se configura como um ato político.Ainda em articulação com a arte, no texto “As mulheres de Klimt: o real do feminino”, Tharso Peixoto Santos e Souza evidencia que Gustav Klimt, contemporâneo a Freud, aponta com sua arte para a dimensão do feminino, em consonância com o que Freud pode fazer por meio da Psicanálise. Ao retratar inúmeras mulheres nuas, que encaram o espectador com um olhar de desafio, numa atmosfera de erotismo incomum à imagem da mulher vienense de seus dias, Klimt evidencia a impossibilidade de domínio sobre esse corpo, tal qual a histeria vinha denunciar. A relação do sujeito com a castração, e, portanto, com a falta se evidencia nessas imagens, apontando o lugar do indecifrável, via régia de todo processo de análise, e terreno fértil para que as questões sobre o feminino possam emergir.No texto “From incestto tragedy – psychoanalytic readingof the Tale, Angel, Lost, from the Brazilian Writer Arriete Vilela”, Yvisson Gomes dos Santos toma o conto da escritora brasileira e alagoana, Arriete Vilela, Anjo Perdido, para discutir o tema da tragédia, do incesto e da feminilidade. A autora foi de extrema importância pela inserção da literatura alagoana no contexto literário brasileiro, mantendo seu sotaque nordestino pode dar visibilidade a sua regionalidade. Esse texto é apresentado em inglês, tal como nos foi enviado, o que abre um novo canal em nosso periódico para apresentar textos também em outras línguas.Ampliando o campo de discussão da psicanálise, Guilherme Henrique Lima Barati e José Roberto Montes Heloani no artigo “Entre a sobrevivência e subserviência: desmanche das práticas de coaching” tratam de uma temática bastante atual e com sérias conseqüências éticas: as contradições e impasses nas práticas de coaching. Nele o coaching surge como um representante do discurso do mestre. Este, geralmente é convocado quando se abrem brechas, fendas, arranhões que deformam a imagem e colocam em xeque as referências identificatórias do que é ser bem-sucedido. Contudo, os aspectos pessoais e singulares que disparam processos deformadores bem como desidentificações são indícios de um mal-estar que evidenciam a emergência do sujeito e suas rupturas, o que torna possível questionar se é possível encobrir essa fenda, ou se ao tentar preencher uma lacuna, outras surgem, pois como Lacan afirma, haverá sempre algo de inadministrável no sujeito.  A clínica psicanalítica é um tema sempre presente em nossas discussões, vamos agora alguns artigos que nos levam a pensar sobre alguns impasses que precisam ser tomados pelos analistas.Sendo a clínica escola presente em muitas Universidade, um espaço possível para uma certa introdução a aspectos relativos ao exercício da psicanálise, o texto “Freud, Lacan e a hiper-realidade na transmissão da psicanálise”, de Daniel Migliani Vitorello, trava um pertinente debate sobre a transmissão da psicanálise e sua ancoragem na transferência. O autor questiona se a transferência não poderia torna-se um instrumento de controle, de disseminação de um ideal e exercício de poder, como Lacan aponta nos mecanismos institucionais pós-freudianos. A transmissão da técnica em psicanálise é associada com a noção de hiper-realidade de Baudrillard, pela possibilidade de ela vir a se constituir como um simulacro. Estrutura que ficaria aquém de um analista, e do poder subversivo que a psicanálise e sua transmissão comportam.Freud já advertia que um curso universitário não assegura a existência de um analista, a formação de um psicanalista se ancora em um tripé constituído por análise pessoal, estudo teórico permanente e supervisão. Contudo, isso não significa dizer que a psicanálise está excluída das universidades, ao contrário, ela se faz presente e sustenta seu discurso integrando as disciplinas curriculares e a prática clínica nas clínicas-escolas. O artigo “As vicissitudes da psicanálise nas clínicas-escolas e serviços de psicologia” de Bruna Adames e Gustavo Angeli discute os desafios e possibilidades de sustentar uma orientação que toma a psicanálise em conta nesses espaços de formação universitária. Ainda que acolhendo muitas controvérsias, a clínica-escola é um espaço para a criação de estratégias de intervenções e o exercício da prática clínica psicanalítica, contudo, está submetida a uma lógica institucional, e não se pode assegurar que aquele aluno que ali está, esteja em análise pessoal, e, que, portanto, esteja ancorado do tripé de formação. Além disso, há ainda todo enquadramento institucional a ser considerado. Revisitando os textos freudianos sobre a técnica os autores discutem a temática.Por essa mesma via, considerando a clínica escola um espaço possível de introdução no exercício de uma escuta de caráter psicanalítico, optamos por incluir nessa edição um artigo produzido nesse contexto, que evidencia o início de um percurso teórico e clínico de quem decide se aventurar pela psicanálise. Elson Eneas Cavalcante Bezerra e Cleber Lizardo de Assis, no artigo “Notas sobre o transtorno obsessivo-compulsivo a partir de um caso clínico em psicoterapia psicanalítica”, apresentam um caso clínico de neurose obsessiva atendido na clínica-escola de uma universidade, apontando que tais espaços de aprendizagem possibilitam um ponto de partida.Fechamos esse número com uma bela resenha escrita por Janaína Bianchi de Mattos, sobre o livro “Rio de Janeiro (1937-1959) Uma Psicanálise Possível”, elaborado a partir da dissertação de mestrado de Maria Teresa Saraiva Melloni, defendida no curso de Pós Graduação em História das Ciências e da Saúde da casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz. Seu título: “O Movimento Psicanalítico no Rio de Janeiro (1937-1959): um processo de institucionalização”.  Nela, a autora faz um percurso histórico da psicanálise e de seu processo de institucionalização no Brasil, evidenciando, como bem ensina Lacan, que um analista deve estar atento a subjetividade de sua época, pois, os arranjos sociais, políticos e econômicos se evidenciam no modo de cada época produzir, aplicar e transmitir um saber.Por ora, ficamos aqui, nesse ponto, qual seja, o de transmitir um saber, ou uma relação ao saber. Perspectiva crucial desse nosso periódico que novamente sai do forno, para sua degustação.  Por Nilda Martins Sirelli e Denise Maurano Mello pt-BR
dc.formatapplication/pdf
dc.languagepor
dc.publisherUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiropt-BR
dc.relationhttp://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/7261/6392
dc.rightsCopyright (c) 2018 Psicanálise & Barroco em Revistapt-BR
dc.sourcePsicanálise & Barroco em Revista; v. 15 n. 2 (2017); 174pt-BR
dc.source1679-9887
dc.titleREVISTA COMPLETA. Ano 15, Número 02: Edição dezembro de 2017pt-BR
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dc.typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion


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